O povo de Mato Grosso do Sul vai usar o voto para julgar os políticos acusados de corrupção e transformar 2018 na eleição das zebras. A renovação deverá aposentar os políticos tradicionais e, na esperança de limpar a política, dar vez aos novatos, como o juiz federal Odilon de Oliveira, o presidente da Cassems, Ricardo Ayche, e o presidente da Federação das Indústrias (Fiems), Sérgio Longen, todos sem antecedentes políticos.
As primeiras pesquisas já constatam o estrago causado na imagem dos favoritos. O mais prejudicado é o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Antes de ser tragado pela Operação Lava Jato, em que é acusado de receber R$ 38,4 milhões em propina paga pela JBS, o tucano era competitivo, apesar do governo medíocre, com déficit nas contas públicas e manter os servidores sem reajuste há três anos.
Outro favorito, aliás até cabe ser chamado de mito da política regional, desconstruído pelas denúncias é o ex-governador André Puccinelli (PMDB). Atolado na Operação Lama Asfáltica, na qual chegou até a usar o famoso adorno na perna, a tornozeleira eletrônica, o peemedebista foi citado por cobrar propinas de R$ 2,3 milhões da Odebrecht e de R$ 112 milhões da JBS.
A terceira via seria o deputado federal Zeca do PT, governador por dois mandatos. No entanto, o petista está inelegível, já que foi condenado na farra da publicidade pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Ele ainda é acusado de receber R$ 400 mil da Odebrecht e R$ 3 milhões da JBS. Para piorar, mesmo sem provas, Joesley Batista o sujou de vez ao apontá-lo como o pioneiro e mentor do atual sistema de corrupção.
Com as investigações na fase inicial, os três devem entrar em 2018 se explicando na Justiça e com medo de receber convidados para o café da manhã. A Polícia Federal tem sido pontual nas operações: toca a campainha sempre às 6h.
Neste cenário de terra arrasada, surgem os novos favoritos para ganhar o governo em 2018. O principal nome a despontar no novo cenário é Odilon de Oliveira, que se aposenta em setembro e já não esconde de ninguém o desejo de ingressar na política. É o candidato com mais condições de arrebanhar os votos de um eleitor sedento por justiça, indignado com a roubalheira e desiludido com promessas não cumpridas.
O segundo nome é de Ayache, que só tem o agravante de ter sido companheiro de chapa de Delcidio do Amaral em 2014, quando ficou em segundo na disputa de uma vaga de senador. Com fama de gestor competente, o médico ainda tem a gestão da Cassems como vitrine.
Aqui há uma perspectiva curiosa, já que os políticos articulam Ayache para o governo e Odilon, Senado. O Jacaré aposta no inverso: Odilon tem mais chances para governador e Ayache, com o recall de 2014, para uma das duas vagas de senador.
O terceiro nome é o presidente da Fiems, que ainda não teve coragem enfrentar o teste das urnas. Longen sonha com uma vaga na Câmara dos Deputados, mas pode surpreender em acomodação de última hora para uma das duas vagas de senador ou até mesmo para disputar o Governo.
Pesquisa feita pelo instituto Ranking- que já foi Valle, mas continua sendo de Toni Ueno, que ocupa o cargo de ouvidor-geral na administração de Marquinhos Trad (PSD), sondou a opinião do sul-mato-grossense sobre as eleições gerais de 2018.
Com 3 mil entrevistados em 17 cidades, a pesquisa mostra Puccenelli ainda na frente, com 17,36%, seguido por Reinado, 13,5%. Em outros tempos, os dois dividiriam o eleitorado, na faixa dos 30%.
No entanto, a liderança é do grupo que não sabe ou não quis responder, 37,75%. Ou seja, de cada dez eleitores, quatro não sabem em quem votar para governador.
Os “desconhecidos” Ayache (10,30%) e Odilon (9,46%) despontam no calcanhar dos dois principais nomes até o momento. Seguindo neste ritmo, quando chegar junho, a época de definição dos candidatos, a dupla deve polarizar o pleito e deixar Azambuja e Puccinelli comendo poeira.
Ainda seguem como opções e chances de despontar, o senador Pedro Chaves (6,6%) e o deputado estadual Coronel David (5,03%), que fazem parte do mesmo partido, PSC. Sucessor de Delcídio, Chaves já vem se organizando para disputar a reeleição. O dois possuem o “porém” de estarem na política.
Chaves votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e defendeu o impopular Michel Temer (PMDB),que deverá ser denunciado como chefe de uma organização criminosa nos próximos dias. Coronel David defendeu com unhas e dentes e até chorou pelo governador Reinaldo Azambuja.
Ainda há tempo para novas reviravoltas, é claro.
Entretanto, a vida não será fácil para quem acha que pode manipular ou comprar a opinião pública. Apesar do silêncio das panelas nos últimos 12 meses, acredita-se que as coisas estão mudando e nem tudo será comprado com dinheiro.
Edson Giroto é exemplo vivo que fortuna e articulação política, como foi o caso de 2012 ao reunir direita e esquerda, não bastam para ganhar eleição. Anotem, por favor!
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