Com a promessa de “fazer quatro anos em um mês”, Junior Coringa (PSD) foi o campeão em gastos no recesso da Câmara dos Deputados. Ele usou 96,7% da cota parlamentar e praticamente o dobro do valor gasto pelos outros dois deputados federais com mandato tampão. O segundo maior gasto foi de Zeca do PT, que perdeu a disputa para o Senado e deixou o Congresso Nacional.
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Conforme o Portal da Transparência da Câmara, ele gastou R$ 39.219,33 em 30 dias, considerando-se que foi empossado no dia 2 e encerrou o mandato no dia 31 de janeiro. Neste período, o parlamentar do PSD não apresentou nenhum projeto de lei ou proposição porque o legislativo estava de recesso.
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Contudo, feliz por assumir a vaga de Luiz Henrique Mandetta por um mês, que renunciou ao mandato para assumir o Ministério da Saúde, Coringa criou o factoide de que faria “quatro anos em um mês”. Ele se inspirou no ex-presidente Juscelino Kubitschek, famoso por construir Brasília e o lema fazer 50 anos em cinco.
A aventura de Coringa por Brasília custou caro ao contribuinte. O deputado gastou R$ 16.185,49 com passagens aéreas. Ele conseguiu participar de reuniões, de solenidades com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e até aproveitou para fazer tietagem com o cantor Sérgio Reis, que é deputado federal.
Apesar de não ter apresentado nada de concreto, nenhum projeto de lei, o deputado usou R$ 12 mil com divulgação. Ele usou o dinheiro para pagar jornais de bairro (R$ 4 mil), semanal (R$ 2 mil) e diário (R$ 2 mil), site de direita (R$ 2 mil) e rádio (R$ 1 mil).
Em relação ao colega de partido, Fábio Trad, que foi efetivado na vaga de Carlos Marun (MDB) e reeleito, o gasto vira uma fortuna. O deputado só gastou R$ 1.277,82, usado para passagem aérea e serviços postais.
Coronel Bittencourt (PRB) teve gasto de R$ 22,8 mil no mandato tampão. Ele usou R$ 12 mil, o mesmo valor de Coringa, para divulgação. Só que o valor foi pago a um site fundado em 2017. Outros R$ 7,8 mil foram utilizados com passagens de avião.
Carla Stephanini (MDB) usou R$ 21,1 mil da cota parlamentar. O maior desembolso, de R$ 10,1 mil foi com bilhetes aéreos. Outros R$ 8 mil foram pagos para uma empresa de comunicação de Minas Gerais.
O vice-campeão nos gastos foi o ex-governador Zeca do PT, que ficou em 5º lugar na disputa por uma das duas vagas de senador. O petista já vinha mantendo gastos altos da cota desde novembro do ano passado.
Dos R$ 36,9 mil, o petista destinou R$ 20 mil para pagar o jornalista responsável pela elaboração do material de balanço do mandato. Outros R$ 15,5 mil foram destinados para a Ícone Pesquisa, responsável por sondagens eleitorais.
Adoro desafios, diz Zeca em mensagem de despedida no Facebook
Na mensagem de despedida publicada no Facebook, o ex-governador Zeca do PT diz que os tempos são difíceis e desafiadores. “Aos quase 70 anos de vida fico na torcida até porque outros desafios me motivam. Eu adoro desafios”, afirmou, insinuando que deve ser candidato nas próximas eleições.
“Saio de cabeça erguida com a convicção, que os acertos nesse tempo todo superaram os meus erros” , diz, ao fazer retrospecto da carreira na política, como deputado estadual por dois mandatos, governador do Estado de 1999 a 2006, vereador da Capital e deputado federal.
“Agora me despeço de todos vocês. Sei que são tempos difíceis e desafiadores, mas as coisas nunca foram fáceis para nós para o povo trabalhador e sei que vamos passar isso tudo e amanhã vai ser outro dia”, concluiu.
Outro que se despediu do legislativo foi Elizeu Dionizio (PSB), com despesa de R$ 15,8 mil. O parlamentar acabou dando exemplo aos colegas que se esbaldaram para aproveitar a oportunidade do dinheiro público, mesmo com o Congresso em recesso.
No total, os deputados federais sul-mato-grossenses usaram R$ 169.867,39 da cota parlamentar em janeiro, conforme o portal.
Para alguns o valor é irrisório. Porém, qual a necessidade de se gastar todo esse dinheiro nas férias?
Bancada gastou 52,37% da cota nas férias
A bancada federal de Mato Grosso do Sul usou 52,37% do valor que tinha direito da cota parlamentar no recesso. Eles poderiam gastar até R$ 324,3 mil, mas usaram R$ 169,8 mil. Coringa usou 96,73% dos R$ 40.542,84 que cada deputado tem direito.
Por outro lado, Fábio Trad usou apenas 3,15%.
Confira o gasto de cada um:
- Junior Coringa – R$ 39.219,33
- Zeca do PT – R$ 36.979,61
- Coronel Bittencourt – R$ 22.859,58
- Carla Stephanini – R$ 21.183,40
- Vander Loubet – R$ 20.451,28
- Elizeu Dionizio – R$ 15.843,90
- Dagoberto Nogueira – R$ 12.06,57
- Fábio Trad – R$ 1.277,82