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    Ao liberar cana no Pantanal, Bolsonaro ignora luta de 40 anos, morte e mercado do etanol

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt12/11/20197 Mins Read
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    Desde 1979, ambientalistas lutam para preservar e manter o plantio da cana longe do Pantanal, considerado patrimônio natural da humanidade (Foto: Arquivo)

    Ao revogar o decreto de 2009, Jair Bolsonaro (PSL) liberou o plantio da cana-de-açúcar no Pantanal e na BAP (Bacia do Alto Rio Paraguai). Com a medida, o presidente da República ignora luta de quatro décadas em defesa da planície pantaneira em Mato Grosso do Sul, a morte do ambientalista Francisco Anselmo de Barros, o Franselmo e ainda pode comprometer o mercado do etanol brasileiro no exterior.

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    A liberação do plantio da cana pode levar a extinção da Pantanal sul-mato-grossense, considerado patrimônio natural da humanidade e um dos principais destinos turísticos do Estado ao lado de Bonito. O alerta é do vereador Eduardo Romero (Rede), da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente.

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    “Infelizmente decisões técnicas não são ouvidas pelos políticos, por isso acontecem os grandes desastres”, lamentou o professor universitário aposentado e um dos percursores do movimento contra a instalação de usinas etanol e açúcar no Pantanal, Jorge Gonda, da Funconams.

    Não é a primeira vez que políticos tentam dar carta branca aos usineiros para avançarem sobre a paraíso ecológico. Em 1979, usinas começaram a se instalar na Bacia do Alto Paraguai. A mobilização de ambientalistas, políticos e empresários levou a maior passeata em defesa do meio ambiente na Rua 14 de Julho. O grupo se reunia no prédio cedido pelo empresário Avelino dos Reis, que dá nome ao Ginásio de Esportes Guanandizão.

    A sociedade conseguiu sensibilizar o então governador Pedro Pedrossian (PDS), que sancionou a lei proibindo a instalação de usinas no Pantanal. A proposta acabou sendo retomada em 2005, na gestão de Zeca do PT, e foi defendida pelo então secretário estadual da Produção e atual deputado federal, Dagoberto Nogueira (PDT).

    Tereza e Bolsonaro assinaram o decreto revogando a proibição do plantio de cana-de-açúcar no Pantanal e na Amazônia (Foto: Arquivo)

    Sem conseguir a mesma mobilização dos anos 80, os decanos, os mesmos que lideraram a mobilização no início dos anos 80, faziam as contas e temiam perder na Assembleia Legislativa. Uma tragédia mudou o rumo da história e o projeto acabou sepultado. O ambientalista Francisco Anselmo de Barros ateou fogo ao próprio corpo na Rua Barão do Rio Branco, no Centro da Capital, para protestar contra o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal.

    Como o assunto parece um cadáver insepulto, como definiu o coordenador do Fórum da Cidadania, Haroldo Borralho, outro conterrâneo das lutas de Franselmo, a polêmica voltou a assombrar a sociedade em 2009. André Puccinelli (MDB) voltou a defender a proposta de liberar o plantio de cana-de-açúcar na BAP.

    Na época, o emedebista recuou após ganhar fama nacional de lunático ao atacar o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Em uma reunião com empresários, Puccinelli vociferou que planejava correr atrás do ministro e o estupraria em praça pública. Além disso, proferiu palavrões para definir Minc, como “maconheiro” e “viado”.

    Maior poeta de MS chamou Franselmo de “último herói” do Brasil

    Franselmo se imolou em praça pública após dizer a amigos que precisava radicalizar para impedir a instalação de usinas no Pantanal (Foto: Arquivo)

    O suicídio do ambientalista Francisco Anselmo de Barros na manhã do dia 12 de novembro de 2005 chocou a população e sepultou a proposta de instalar usinas de açúcar e etanol no Pantanal. Na épocas, o poeta Manoel de Barros fez homenagem e chamou o amigo de “último herói do Brasil”.

    Abaixo, veja a carta enviada à viúva de Franselma, Iracema Sampaio:

    Querida Amiga
    Iracema

    O que o nosso querido
    Francelmo fez, a mim e a
    Stella e a todos nós chocou
    tanto, que ficamos um pouco
    aparvalhados com a notícia.
    Foi uma imolação pela Pátria
    que na terra do mensalão
    destoa. Mas até pode corrigir,
    o que o nosso Francelmo fez
    é mais do que um protesto.
    Para mim tem o componente
    maior do heroísmo.
    Francelmo o último herói do Brasil.
    Meus sentimentos Iracema.
    Seu velho amigo
    Manoel de Barros

    Dez anos depois, a ex-secretária da Produção de Puccinelli e ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou a liberação do plantio de cana-de-açúcar no Pantanal, na Bacia do Alto Paraguai e na Amazônia. O decreto foi assinado por ela, Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

    O Decreto 10.084, publicado na quarta-feira (6), revoga o Decreto 6.961, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que instituía o zoneamento agroecológico da cana e vetava, de forma clara, o plantio nos dois biomas.

    O Ministério da Agricultura destacou que o decreto estava defasado após o Código Florestal de 2012. Ainda conforme a pasta, novas tecnologias no uso racional da água, como gotejamento e fertirrigação, e o desenvolvimento de novos equipamentos de colheita mecanizada indicavam que os parâmetros que subsidiaram o zoneamento não são mais necessários.

    Eventual desastre ambiental pode causar o apocalipse e causar a extinção das belezas pantaneiras (Foto: Arquivo)

    Para o presidente regional do PV, Marcelo Bluma, a revogação do decreto é um erro, porque pode comprometer a exportação do etanol e ameaçar a biodiversidade pantaneira. A União Europeia e o Japão compram o combustível derivado da cana graças ao compromisso expresso do Governo em vetar o desmatamento da Amazônia e a destruição do Pantanal.

    O vereador Eduardo Romero alerta para o risco sem precedentes na história do patrimônio natural da humanidade. “É bastante temeroso porque o Pantanal é um bioma bastante frágil e delicado”, frisa o coordenador da Frente Parlamentar. Ele conta que pesquisas apontam para que qualquer desastre pode levar à extinção da planície pantaneira.

    Jorge Gonda recorre a duas tragédias com barragens de mineradoras em Minas Gerais, que mataram centenas de pessoas e causaram o sumiço de rios e vilarejos, como exemplos do que pode ocorrer com o Pantanal.

    Ele explica que as empresas não fazem a manutenção recomendada nem o poder público fiscaliza. Uma tragédia ambiental, semelhante a mineira, varreria a planície pantaneira, apontada como uma das regiões mais belas do mundo.

    Os números da cana em MS

    Área668,7 mil hectares
    Produção49,9 milhões de toneladas
    Açúcar865,1 mil toneladas
    Etanol3,865 bilhões de litros

    Além de atingir um dos principais destinos turísticos do Estado, o plantio na BAP pode deflagrar movimento nacional e internacional de boicote ao etanol, segundo Haroldo Borralho. A Europa já pensou em suspender acordos com o Governo brasileiro por causa das queimadas na Amazônia.

    Com a liberação do plantio da cana-de-açúcar, que pode impulsionar o desmatamento de dois biomas sensíveis e populares nos países desenvolvidos, o Governo federal pode dar o famoso tiro no pé do mercado do etanol.

    Nos últimos 15 anos, a área cultivada da cana teve aumento de 380% em Mato Grosso do Sul, saltando de 139,1 mil, na safra 2005/06, para 668,7 mil hectares neste ano, conforme a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

    A produção sul-mato-grossense é de 49,9 milhões de toneladas de cana, a quarta maior no País, só atrás de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. As usinas produziram 3,285 bilhões de litros de etanol neste ano, crescimento de 255% em 15 anos, quando o montante era de 923,1 milhões de litros.

    O setor só não cresceu mais por causa da crise econômica de 2008 e de 2015, quando grupos desistiram de construir novas usinas e houve interrupção do boom no setor. Outro problema, conforme os usineiros, foi a política do Governo federal na gestão petista, de segurar o preço da gasolina.

    Os donos de usinas pleiteiam a elevação nos preços dos derivados do petróleo para recuperar os ganhos com o etanol no mercado brasileiro. No exterior, o etanol derivado da cana é mais competitivo em relação do milho produzido nos Estados Unidos.

    Ao revogar o decreto, o Governo dá sinais de que o desenvolvimento é mais importante do que a preservação do meio ambiente.

    Nesta terça-feira, 12, ambientalistas vão relembrar a morte de Franselmo e aproveitar para protestar contra a liberação do cultivo da cana-de-açúcar no Pantanal. O ato acontece a partir das 9h30 na Rua Barão do Rio Branco.

    Pantanal só perde para Bonito como principal destino turístico no Estado (Foto: Arquivo)

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