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    Opinião

    Em artigo, filósofo lamenta o silêncio e a indiferença com a dor causada pela pandemia

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt08/05/20216 Mins Read
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    No artigo deste sábado, “Silêncio e indiferença com a desgraça alheia”, o filósofo e jornalista Mário Pinheiro analisa a indiferença com a dor e o luto alheio diante da maior pandemia em um século. “É o discurso do inominável. O silêncio e a indiferença abraçam o absurdo”, ressalta, fazendo paralelo com a 2ª Guerra Mundial causada por Hitler.

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    Em seguida, cita falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação a covid-19, mas sem nominá-lo. “Em vez de exemplo, riu como hiena, feito anta perdida, um urubu que saboreia sua carniça, ‘não sou coveiro’, ‘vai morrer mesmo’, ‘não queremos vacina’, ‘vai virar jacaré’, ‘chega de choramingar’”, relembrou.

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    “A ideia do absurdo ainda não desceu no coração de quem digitou o número da besta no dia das eleições. Falta empatia. O outro não interessa mais. O egocentrismo mancha a história de cada um que desrespeita o protocolo do isolamento. A morte beija e ceifa. Restam lágrimas e sentimentos de quem fica, com as ruínas da vida incompreensível, o vazio não toma o lugar de quem partiu repentinamente”, afirmou.

    “O governo federal é genocida porque sabia da crise de oxigênio nos hospitais de Manaus e outros Estados, preferindo acusar o governador quando a decisão de compra era do Ministério da Saúde”, afirma, entrando na seara polêmica que vem levando o Ministério da Justiça e Segurança Pública a mandar a Polícia Federal abrir inquérito contra quem usa o termo.

    Veja o artigo:

    “Silêncio e indiferença com a desgraça alheia

    Mario Pinheiro, de Paris, França

    É injusto, mas gritar justiça num momento em que o vírus come o pulmão do vizinho é quase nada diante do absurdo de apalpar o ego do responsável por esta morte cruel, aquele que deveria ter tomado iniciativa, dado exemplo. Em vez de exemplo, riu como hiena, feito anta perdida, um urubu que saboreia sua carniça, “não sou coveiro”, “vai morrer mesmo”, “não queremos vacina”, “vai virar jacaré”, “chega de choramingar”.

    No início eram os outros, habitantes distantes que caíam nas garras da intubação, do oxigênio soprado pelo tubo, agora são pessoas da família, amigos de todas as idades. Os que não viam outra alternativa, pegavam o celular e se despediam da família pouco antes de apagar as luzes da vida.

    Dia após dia, minuto a minuto, eles aumentam o número de vítimas que embarcam num caixão lacrado, restrito ao mínimo de pessoas. Os cemitérios estão abarrotados, os hospitais saturados com falta de leito, de kit intubação; os infectados perecem na fila, na sala de espera.

    O egoísmo, segundo Horkheimer, se tornou destruidor, controlador, deformador (da realidade), e o próprio princípio egoísta envelhecido da economia é brutal. Ele diz ainda, citando Freud, que “o instinto de morte é o sacrilégio de admitir que faz parte da natureza humana”. É o discurso do inominável. O silêncio e a indiferença abraçam o absurdo.

    Quando as tropas do Fülrer invadiram a França e desfilaram seus canhões, a desgraça estava anunciada, a ferida aberta. Houve divisão, a moeda mudou de nome, Vichy se tornou a capital francesa capitaneada por franceses vendidos, policiais sem a mínima estampa da vergonha, aqueles que saudaram o louco como herói, as mulheres que se deitaram com soldados alemães, homens que viraram alcaguetes denunciando quem era opositor ao regime nazista, tiveram suas punições quando a loucura acabou.

    Pois bem, o silêncio e a indiferença não ganharam. O grupo opositor resistiu até vencer. Lógico que contaram também com ajuda externa de outras pátrias que lutavam contra o absurdo de Hitler. Com a derrota de Hitler, quem havia escolhido o racista fez igual Pedro ao negar Jesus: “não conheço, nunca vi”. Eles acabam se misturando no meio do povo e se fazem de ameba. Isso soa parecido aos eleitores que votaram no imundo e agora desconhecem: “não, eu votei no Amoêdo sim, senhor”. 

    A ideia do absurdo ainda não desceu no coração de quem digitou o número da besta no dia das eleições. Falta empatia. O outro não interessa mais. O egocentrismo mancha a história de cada um que desrespeita o protocolo do isolamento. A morte beija e ceifa. Restam lágrimas e sentimentos de quem fica, com as ruínas da vida incompreensível, o vazio não toma o lugar de quem partiu repentinamente. Viver virou um ato heroico de quem conseguiu entrar na fila da vacina, mesmo contra a vontade daquele que possui um arame farpado no lugar das veias e uma pedra pesada no lugar do coração.

    É absurdo viver num mundo onde o sorriso e a palavra cristã chegam seladas de um ódio ideológico como se fosse uma planície verdejante a morrer por falta d’água. O Estado é laico, religião não cola e não casa com política, mas a estampa cristã, aquela que mata, aproveita para engessar a mente no pior tipo de sentimentalismo religioso. Não existe feijão milagroso vendido pelo pastor.

    Esse ar perdidamente voltado ao divino acaba por desprezar o que é mais sagrado, a vida. A pandemia no Brasil leva o nome de um delirante expert em gatunagem, aquele que vegetava como parasita em sua cadeira de deputado. Como se fosse num tempo próximo da Páscoa, buscaram o Barrabás para açoitar a língua portuguesa, as mulheres, os negros que se pesam em arrobas, os índios que perdem seus territórios pelo fogo do agronegócio.

    A empatia fugiu de casa ou as pessoas desconhecem seu sentido, o outro. A necessidade, a dor, a perda, o choro alheio, o vazio deixado por quem cedo disse adeus nessa respiração mecânica, no coma arbitrário, não tocam o sentimento de quem assiste à boiada passar e continua a rir e buzinar no interior do carrão, numa passeata favorável ao monstro.

    O monstro é o minotauro de chifres que fala sempre no cercadinho de Brasília. Aplaudi-lo pelo assassinato da língua e pela cloroquina desaprovada cientificamente é jogar no lixo a empatia pelos que ainda respiram. Diríamos com Pierre Bourdieu que falta distinção cultural, social e política, o pobre se acha diferente e obrigado a defender uma classe que não lhe pertence.

    E o discurso que personifica a loucura do líder negacionista se assemelha ao estudo de Michel Foucault sobre a ruptura das estruturas. O governo federal é genocida porque sabia da crise de oxigênio nos hospitais de Manaus e outros Estados, preferindo acusar o governador quando a decisão de compra era do Ministério da Saúde.

    Resultado: a promiscuidade entre infectados trouxe a variante brasileira que destrói o pulmão, causa infarto por falta de ar. E agora ele manda prender quem protesta e o chama de genocida. Governo é vitrine para pedradas, aguenta que vem mais.

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris.

    artigo brasil jair bolsonaro mario pinheiro opinião pandemia da covid-19 Silêncio e indiferença com a desgraça alheia

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