No artigo “Sabedoria e miséria linguística”, o filósofo e jornalista Mário Pinheiro faz paralelo sobre a época dos grandes filósofos, onde os problemas eram resolvidos nas discussões acaloradas, mas sem violência e colocações sem fundamento. No entanto, o saber nunca impediu os maus de se imporem pela força, pela maldade do poder e pela mentira.
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“O saber nunca impediu os traíras, traidores e ditadores de se imporem pela força, rebeldia e maldade no poder. Astúcia fazia parte dos planos para derrubar um líder político. Às vezes conseguiam na base da carnificina”, pontua.
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“Lucius Sergius Catilina era habituado por suas conjurações e até quis derrubar o Senado e a república romana. Catilina matava, tinha relação incestuosa, seu objetivo era realmente impor uma ditadura, assassinar os inimigos e depois arrecadar as riquezas dos impostos”, conta. “O complô do Catilina foi descoberto porque nem todos os soldados romanos compactuavam com ele, mas o plano de matar os senadores foi revelado pela amante de um conspirador”, relata.
“Hoje, a astúcia é querer se solidificar no poder e não permitir que as eleições ocorram. O que estaria em jogo é o patrimônio adquirido sem justa causa, o abusivo aumento salarial oferecido aos generais e militares; o desdém pela classe que peleja, levanta cedo, e não consegue viver dignamente; a inflação galopante e os preços de produtos de primeira necessidade que viraram impossíveis adquiri-los com o salário mínimo”, afirma.
“Enfim, a sabedoria e a linguística se transformaram em pedradas diárias que sedimentam a miséria do povo”, critica.
“Há tempos o presidente brasileiro vomita suas frases venenosas de ódio angelical, sem planos, nem conhecimento, muito menos empatia. O Brasil tem seus ‘catilinas’, planificadores do mal com Jesus no coração, uma coisa perversa e contraditória”, destaca.
Confira o artigo na íntegra:
“Sabedoria e miséria linguística
Mário Pinheiro, de Paris
Os problemas, nos tempos remotos dos grandes filósofos, eram resolvidos nas discussões acaloradas, mas sem violência e muito menos de colocações sem fundamentos. Os sofistas tudo fizeram para ensinar a arte da palavra, a retórica. Aos sofistas, a linguagem era o instrumento privilegiado.
O saber nunca impediu os traíras, traidores e ditadores de se imporem pela força, rebeldia e maldade no poder. Astúcia fazia parte dos planos para derrubar um líder político. Às vezes conseguiam na base da carnificina.
Lucius Sergius Catilina era habituado por suas conjurações e até quis derrubar o Senado e a república romana. Catilina matava, tinha relação incestuosa, seu objetivo era realmente impor uma ditadura, assassinar os inimigos e depois arrecadar as riquezas dos impostos.
O complô do Catilina foi descoberto porque nem todos os soldados romanos compactuavam com ele, mas o plano de matar os senadores foi revelado pela amante de um conspirador. Desta forma, no esperado dia em que o traíra se encontrava no Senado para anunciar o golpe de Estado, Cícero, grande orador, disse: ‘até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?’.
Hoje, a astúcia é querer se solidificar no poder e não permitir que as eleições ocorram. O que estaria em jogo é o patrimônio adquirido sem justa causa, o abusivo aumento salarial oferecido aos generais e militares; o desdém pela classe que peleja, levanta cedo, e não consegue viver dignamente; a inflação galopante e os preços de produtos de primeira necessidade que viraram impossíveis adquiri-los com o salário mínimo. Enfim, a sabedoria e a linguística se transformaram em pedradas diárias que sedimentam a miséria do povo.
No caso do Brasil, o pior está diante dos olhos, são as minorias que se tornaram vítimas do fascismo que opta pelo desaparecimento sumário para privilegiar os garimpeiros, a instalação de um gênero de faroeste sem lei que se apropria e elimina os resistentes.
Há tempos o presidente brasileiro vomita suas frases venenosas de ódio angelical, sem planos, nem conhecimento, muito menos empatia. O Brasil tem seus ‘catilinas’, planificadores do mal com Jesus no coração, uma coisa perversa e contraditória. Aos antigos políticos que dominavam a retórica, a linguagem era bendita e bem dita. Hoje temos uns malditos que mal sabem falar, mas dominam a língua do ódio.
O sigilo e o segredo imposto sobre o orçamento secreto chama-se corrupção. O modus operandi é igual aos tempos da ditadura, fingia-se desconhecer a verdade e quem ousasse dizer que o governo era corrupto, ia preso, sofria tortura e morria, depois era desovado.
O presidente deu para si mesmo um aumento de 69% sem que o povo tivesse conhecimento. É por isso que o atual governo sedimenta esta prática nociva e sorri amarelo aos quatro ventos pra dizer que a roubalheira acabou”.