Afastados da função pelo Superior Tribunal de Justiça, os três conselheiros do Tribunal de Contas do Estado receberam R$ 2,1 milhões em salários entre janeiro e agosto deste ano, conforme o Portal da Transparência. O presidente do TCE, conselheiro Iran Coelho das Neves, recebe R$ 100,7 mil por mês.
Na última quinta-feira (8), ele e os conselheiros Ronaldo Chadi e Waldir Neves Barbosa foram alvo da Operação Terceirização de Ouro, deflagrada pela Polícia Federal para cumprir 28 mandados de busca e apreensão. O trio ainda vai usar tornozeleira eletrônica e está proibido de acessar as dependências da corte fiscal.
Veja mais:
Capitão Contar quer CPI “impossível” para investigar corrupção de conselheiros do TCE
PF aponta “pressão” de conselheiro do TCE sobre secretários estaduais para beneficiar sobrinho
Iran Coelho põe tornozeleira e renuncia ao mandato de presidente do Tribunal de Contas
STJ quebra sigilos bancário e fiscal por 10 anos de conselheiros; PF pediu prisão, mas MPF foi contra
Investigados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, os conselheiros recebiam uma remuneração altíssima e de elite do funcionalismo público. O valor pago era três vezes superior aos R$ 35,4 mil pago ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
O Portal da Transparência só disponibiliza os dados de pagamentos realizados nos primeiro oito meses deste ano. Iran Coelho das Neves recebeu R$ 747,7 mil entre o subsídios, abonos e penduricalhos. O presidente do TCE recebe o subsídio de R$ 35.462,28 e abono de permanência no valor de R$ 4.964,72. No total, o salário é de R$ 40.427, usado como base no desconto do Imposto de Renda.
Neves ainda recebe mensalmente outros pagamentos, que variavam entre R$ 60.285,90 (valor pago de maio a agosto) e R$ 181.566,90 (repassado em abril). O Portal da Transparência não informou o pagamento desses penduricalhos de janeiro a março deste ano.
O segundo maior valor foi pago ao ex-presidente do TCE, Waldir Neves, com R$ 692,7 mil. O ex-deputado federal pelo PSDB só recebeu o subsídio de R$ 35.462,28. Já os penduricalhos, livres de impostos, variaram entre R$ 55.801,99 (pagos em maio, julho e agosto), R$ 79.440,56 (junho) e R$ 162.188,83 (abril).
Os supersalários dos conselheiros afastados
- Iran Coelho das Neves – R$ 100.712,90 – R$ 40.427 de subsídio e R$ 60,2 mil em penduricalhos
- Ronaldo Chadid – R$ 99.139,78 – R$ 40.427 de subsídio e R$ 58,5 mil em penduricalhos
- Waldir Neves – R$ 91.264.27 – R$ 35.462,28 de subsídio e R$ 55,8 mil em penduricalhos
Fonte: Portal da Transparência
O corregedor-geral do TCE, Ronaldo Chadid, famoso por guardar uma fortuna em casa, recebe R$ 40.427 por mês, incluindo o subsídio normal e abono de permanência de R$ 4,9 mil. Como outros pagamentos, ele recebeu R$ 58.512,78 (de maio a agosto) até R$ 119.153,28 (abril). No total, Chadid ganhou R$ 678,2 mil de janeiro a agosto deste ano.
A projeção é que os conselheiros afastados por suspeita de corrupção vão ganhar mais de R$ 1 milhão sem salários em 2022. Iran Coelho das Neves deverá acumular $ 1,150 milhão até dezembro, enquanto Chadid chegará a R$ 1,075 milhão e Waldir Neves, a R$ 1,057 milhão.
Conforme investigação da PF na Operação Mineração de Ouro, deflagrada em junho do ano passado, os conselheiros são suspeitos de venda de sentença. Um dos grupos beneficiados seria a Solurb, concessionária do lixo na Capital, que teria pago propina para manter o contrato bilionário com a prefeitura, que completa 10 anos neste mês.
Para se ter uma ideia do privilégio econômico e social dos conselheiros investigados, eles ganham mais até do que o presidente da República.
