Os integrantes da suposta organização criminosa acusada de dar golpe em 1,3 milhão de investidores pretendiam triplicar o número de vítimas e chegar a 3 milhões no final do ano passado. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, o grupo, que usava até uma igreja para captar “clientes”, prometia ganhos de 200% a 500% ao ano, uma rentabilidade impossível no mercado.
A denúncia foi recebida pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, contra Ivonélio Abrahão da Silva, 48 anos, e o filho, Patrick Abrahão Santos Silva, 24, marido da cantora Perlla, Cláudio Barbosa, 45, Fabiano Lorite de Lima, 44, Diego Ribeiro Chaves, 34, e Diorge Roberto de Araújo Chaves, 59.
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Eles usaram a Trust Investing, empresa que não tinha autorização da Comissão de Valores Mobiliários nem do Banco Central para atuar, para aplicar o golpe em vários países. A denúncia foi protocolada no dia 25 de janeiro pela procuradora da República Damaris Rossi Baggio de Alencar.
“Os denunciados criaram um grupo empresarial denominado TRUST INVESTING, oferecendo serviços de investimentos com rentabilidade impraticável no mercado comum, mesmo nos mercados de ações mais arriscados (0,1% a 5% ao dia, 200% a 500% ao ano). No entanto, apesar da maciça oferta de investimentos, a Polícia Federal constatou que tal empresa jamais existiu de maneira documental – oficialmente”, destacou o Ministério Público Federal.
Cada integrante se apresentava com um cargo na empresa. Fabiano Lorite era diretor de marketing, Cláudio era diretor de tecnologia, Diego era o CEO, enquanto o seu pai, Diorges, o diretor financeiro.
“PATRICK ABRAHÃO: intitulava-se NUMBER ONE da TRUST INVESTING, ou seja, o principal captador de investidores: garoto-pro[1]paganda do grupo. Através de suas redes sociais, ‘ensinava’ seus milhares de seguidores a enriquecer investindo na TRUST INVESTING. Com o intuito de demonstrar seu alto poder aquisitivo oriundo de investimentos na empresa, postava fotos junto a veículos de luxo, utilizando roupas de grife caríssimas, dentre outras”, pontua Damaris.
“Esta atuação organizada e com divisão de tarefas entre os denunciados remontam há mais de 8 anos, conforme é possível constatar em pesquisas feitas na internet. Tais pesquisas apontaram outros ‘grandes investimentos’ dos denunciados, em que eles atuavam em cargos de ‘diretor’, ‘executivo’ entre outros, e basicamente cooptavam pessoas para investir capital sobre a promessa de rendimentos exorbitantes”, frisou a procuradora.
“Do total investido, 60% iriam para investimentos em trading, criptomoedas e compra de outros ativos; 40% seriam para ‘expansão’ da TRUST, sendo que cotas diárias poderiam ser disponibilizadas para saques. Além disso, após 1 ano de investimento, o grupo orientava a investir o dobro do capital investido inicialmente, ou renovar com o mesmo valor, caso o investidor assim o quisesse”, descreveu.
“A empresa possuía ainda criptomoeda própria e oferecia diversas formas de investimentos em ramos completamente diferentes entre si como TRUSTWINE, TRUST TRAVEL CLUB, TRUST DIAMOND e TRUSTER COIN. A própria diversidade destes investimentos já era um forte indício de que as atividades não eram desenvolvidas corretamente”, relatou.
O grupo contava com 1,3 milhão de “clientes”. A projeção era chegar a 3 milhões de vítimas até o final do ano passado. Ou seja, triplicariam o número de investidores.
Por outro lado, também previam que haveria aumento nos saques e estavam pensando em estratégias para impedir a retirada do dinheiro pelos potenciais investidores. Em conversas interceptadas, eles demonstram preocupação com ao aumento nas retiradas.
Em conversa, Diego diz que a empresa estava pagando 3 mil pessoas por dia e poderia chegar a 30 mil, 100 mil por dia se não adotasse algumas medidas para manter o dinheiro dos potenciais investidores.
Eles viraram réus pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, operação ilegal de instituição financeira, gestão fraudulenta e crime contra o patrimônio da União e ambiental.