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    No Divã Em Paris – A metamorfose humana e morte

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt18/02/20234 Mins Read
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    Mário Pinheiro, de Paris

    Quando se fala de metamorfose, nossa mente viaja pelo tempo. Narciso não deveria ver seu rosto refletido, pois ele era dotado de uma beleza invejável, incomparável. Quando adolescente, as moças e rapazes apaixonados por ele, eram sistematicamente descartados.

    Até que um dia, na floresta, a ninfa Eco ficou perdidamente apaixonada por Narciso, mas ele, que não retribuía os mesmos sentimentos por ela, rejeitou-a como se rejeita um capuccino acompanhado do melhor bolo caseiro. Desesperada, a donzela desaparece, morre, mas deixa sua voz ecoar. Tomado pela sede, ele se desaltera num riacho, mas acaba por ver o rosto refletido. Jamais havia visto tanta beleza, apaixona-se por si mesmo e morre.

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    Acteon, era um exímio jovem caçador. Num dia de calor escaldante, ele surpreende a deusa da caça e da natureza, Artemis, tomando banho, nua, acompanhada de várias ninfas. Foi um acaso, não se tratava de bisbilhotice da parte de Acteon.

    Furiosa, Artemis o persegue, e, por vingança, transforma-o em veado para ser perseguido por seus próprios cães que o confundem com uma caça. Ele é devorado pela matilha. Não era o acaso que fez Acteon ver a beleza das curvas de Artemis.

    O acaso é acidente de percurso, uma coincidência, encontro feliz ou infeliz, polêmico e fortuito. O acaso é uma potência desconhecida, enigmática e imprevisível. Na troca de olhar entre a banhista e o caçador está a ética, o pudor e o castigo como consequência. O sentido do acaso é uma virtude do gênero humano. O acaso descobre coisas, engole o que não se deve perdurar, transforma tudo como se fosse um presságio da metamorfose.

    Hoje, ao falar de metamorfose, a primeira ideia é rever as referências kafkianas. Kafka é o escritor da alteridade, das línguas e culturas, é apresentado como o autor da heterogeneidade. A heterogeneidade é a figura exemplar do pensador. O reflexo já não confunde a realeza do belo, mas envia outra mensagem, a de que o belo não é para sempre.

    Narciso não resistiu ao reflexo de si mesmo, Artemis não permitiu o olhar de Acteon. No romance de Kafka, o jovem se transforma em barata. Não é a transformação ideal, mas é num mundo de desigualdade, é uma saída pelo cano. 

    O artigo publicado em 1991 na universidade de Montreal, Canadá, por Germain Dulac, fala da transformação do gênero humano, quando a Sociologia buscava respostas mais sólidas para entender este problema. Justamente, Dulac aborda a desigualdade no tratamento sexual, onde a legitimidade do poder é totalmente ligado a definição dos gêneros.

    Grande parte da Sociologia e da Psicologia, assim como militantes que participam da construção social do gênero masculino mostra as transformações recentes das relações sociais dos sexos. Aqui não se trata de Eco louca por Narciso, nem da beleza deslumbrante de Artemis a rejeitar a secada do olhar masculino de Acteon.

    A metamorfose de um homem pode se tornar a causa do desgosto em outro. O desgosto é o sentimento de decadência do homem moderno. No Brasil, por exemplo, o desgosto da não-aceitação do resultado eleitoral metamorfoseou o cidadão em crápula, adepto do terror, complotista, simpatizante da morte.

    O mito, por mais que seja irreal, é o grito dos inocentes ou dos que desejam comprovar o atestado de iletrado e de analfabeto com suas negações confabulantes e invenções falaciosas. Ora, uma parte do setor econômico enviou no meio da Amazônia pessoas para extraírem o fabuloso lucro de ouro, casseterita e madeira ao mesmo tempo em que transformavam as índias em prostitutas e os índios em alcóolatras.

    O mercúrio foi jogado nos rios, engolido por peixes e crianças que lá nadavam diariamente. Esta é a metamorfose da morte que enriquece pilantras.

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris. Ele escreve aos sábados.

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