O novo relator da Operação Omertà, desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques, tem fama de implacável no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Ele vai definir o futuro dos empresários Jamil Name Filho e Fahd Jamil, o Rei da Fronteira, poderosos até caírem na maior e mais surpreendente ofensiva do Gaeco e do Garras contra os crimes ligados ao jogo do bicho no Estado.
Marques substitui o ex-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Carlos Eduardo Contar, que se declarou suspeito e declinou todas as ações da Omertà para outro magistrado. Ele alegou razões de foro íntimo após a publicação de notícias, como a participação na festa de 80 anos do poderosíssimo empresário Jamil Name, que também foi preso na Omertà e acabou morrendo atrás das grades em decorrência das complicações da covid-19.
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O novo relator é gaúcho e natural de São Luiz Gonzaga (RS). Formado em Direito pela UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), ele ingressou na magistratura como juiz substituto em 1987. Ao longo de 26 anos, ele atuou em Bandeirantes, Coxim e Campo Grande.
Há 10 anos, em abril de 2013, Luiz Gonzaga Mendes Marques foi promovido a desembargador do TJMS pelo critério de merecimento. Aos 73 anos, ele deverá deixar a corte quando completar 75 anos em 10 de março de 2025.
O desembargador vai relator, entre outros, os recursos para levar Fahd Jamil e Jamilzinho a júri popular pela morte do sargento da PM Ilson Martins Figueiredo, que era chefe da segurança da Assembleia Legislativa. Ele foi metralhado na Avenida Guaicurus.
O juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, julgou improcedente a denúncia e absolveu Fahd Jamil e Jamil Name Filho pelo homicídio. A 2ª Câmara Criminal poderá acatar o pedido do Gaeco e determinar a realização de júri ou manter a decisão de primeira instância.
Luiz Gonzaga Mendes Marques foi o relator das três denúncias por corrupção contra o juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior, afastado por suspeita de corrupção da 5ª Vara da Família e Sucessões de Campo Grande. O magistrado acabou sendo punido com a aposentadoria e os processos foram encaminhados para a 4ª Vara Criminal da Capital.
O desembargador foi o relator no caso do empresário Breno Fernando Solon Borges, filho da então presidente do Tribunal Regional Eleitoral e desembargadora do TJMS, Tânia Garcia de Freitas Borges. Marques manteve a decisão de primeira instância que considerou Breno imputável, o que levou a condenação do herdeiro da magistrada por tráfico de drogas.
Na votação sobre a destruição de 20 mil hectares na Fazenda Santa Mônica, no Pantanal, ele foi um dos três desembargadores que votou pela suspensão das queimadas.