O JacaréO Jacaré
    Facebook Instagram Twitter
    O Jacaré O Jacaré
    • Início
    • Últimas Notícias
    • Sobre o que falamos
    • Nosso Livro
    • Converse com a gente
    Home»MS»Brasileira preta e periférica declara “Morte às Vassouras” e publica em alemão e inglês
    MS

    Brasileira preta e periférica declara “Morte às Vassouras” e publica em alemão e inglês

    Sandra Luz, de PortugalBy Sandra Luz, de Portugal20/11/20234 Mins Read
    Facebook Twitter WhatsApp Telegram Email LinkedIn Tumblr
    WhatsApp Facebook Twitter Telegram LinkedIn Email
    O primeiro livro de Cláudia, publicado em 2002, sobre sua experiência com a imigração. (Foto: Reprodução)

    Definir a escritora Cláudia Canto pode custar algumas teorias. Por hoje, passados 20 anos do início da carreira, é possível afirmar que a artista é um resumo de várias fugas: fugiu do cárcere, fugiu das estatísticas, fugiu da imposição de ser mulher preta e periférica, fugiu dos nãos que ouviu.

    A escritora, com 20 livros publicados, fugiu mesmo de vassoura, o instrumento de limpeza com quem travava diálogos sobre o cotidiano em uma casa portuguesa de Lisboa, habitada por dois idosos de 90 e 80 anos acostumados aos modos da escravidão na África e por ela, escondida em um quartinho batizado de senzala.

    Leia mais:

    Pantanal tem mais de 3 mil incêndios em novembro e bate recorde histórico

    Deputados e senadora lamentam morte de jovem, criticam organização e pedem apuração do MP

    Marcelo Iunes é denunciado por crimes eleitorais para garantir reeleição em 2020

    “Escrevi Morte às Vassouras com base no que vivi em Portugal, por 15 anos. Lá, fui, por um ano, cuidadora de idosos de um casal, uma família branca, que saiu da África. Costumo dizer que cai no Século 18, tanto nos móveis, quanto nos hábitos daquelas pessoas. Recordo que a senhora costumava falar que, comigo, poderia sair porque, afinal, eu não era preta”.

    Cláudia Canto usou a literatura para libertar-se dos grilhões que o racismo impõe no Brasil e fora dele (Arquivo Pessoal)

    Na manifestação da estrutura do racismo da patroa, Cláudia Canto começou a refletir sobre cor, sobre colorismo, sobre feminismo e sobre ser uma mulher estrangeira preta em uma terra ainda habituada às benesses do colonialismo e, principalmente, sobre as origens indígena e negra. Ela desembarcou na Europa após sair de Cidade Tiradentes, na periferia de São Paulo, lugar para onde voltou apenas fisicamente, como escritora consagrada com publicações em três idiomas: português, alemão e inglês.

    Foi na senzala portuguesa que Cláudia, dialogando com a vassoura, percebeu-se cidadã e passou a compreender os conceitos de racismo, de negritude e exclusão. “Eu ficava nos fundos e o meu alívio era a caneta”. Confortando-se nos escritos de Maria Carolina de Jesus, autora de Diário de Uma Favelada, começa a refletir sobre hábitos até então corriqueiros, mas que traduzem o racismo a que as mulheres pretas são sujeitas. No processo, Portugal já não tinha a dimensão da escritora e ela quis retornar ao Brasil.

    “Quando volto de Portugal, caio em entra estatística, horrenda, de escritora, negra, periférica e sem editora, com um tema que ninguém queria saber. Costumo dizer que entrei na literatura pela porta dos fundos e é uma saba, porque demorei 20 anos para conseguir pagar a conta de luz com a minha arte, quando começo a escrever sobre mulheres brasileiras na Europa”.

    O processo não perdurou apenas por persistência, houve reflexão e, no caminho, dor. “Comecei a estudar, mudar a mente. Estudei física quântica, fiz terapia, comecei a cortar os grilhões que me prendiam. Comecei a rever o que aprendi, de que preto e periférico não podia. Foi preciso tirar isso do subconsciente. Eu acreditava que não podia mesmo. Tinha vergonha de falar que sou escritora. Não falava com o orgulho de que falo hoje, com orgulho da minha história, da minha ancestralidade, que é indígena, mas negra também. Eu escondia, alisava meu cabelo. Isso tem tudo a ver com essa coroa, essa autenticidade da mulher e essa coisa toda eu colocava sob a mesa. Quando começo a me libertar dessas amarras, começo a ter lugar ao sol. Descobri riqueza e talentos na periferia, talentos pulsantes. Começo adentar espaços intelectualizados e a adentra espaços considerados não lugares são para nós negros, povos negros. Isso demorou 20 anos. Foi horrível o processo de maturação, de assumir minha identidade racial”.

    Tão longa citação é justificada porque a escritora acostumou-se e quem a lê merece saber as ideias que dela ecoam. Eco reverberado na Universidade de Oxford, em Glasgow, no King ‘s College, em Londres, na USP (Universidade de São Paulo), na Unicamp (Universidade de Campinas), na Casa do Brasil Lisboa e no Espaço Cultural do Barreiro.

    Quando pretende parar, nem a própria Cláudia Canto sabe. Ainda há um espaço de conquista para a redução de todas aquelas amarras, aquelas barreiras que não a impedia, mas ofuscam o brilho de algumas escritoras por aí. “Hoje eu descobri que era tudo mentira o que me falaram, que eu não nasci em berço de ouro. Eu nasci em berço de ouro. Consegui dar nó em pingo d ‘água porque eu tinha os livros. Os livros foram meu bote salva-vidas”.

    dia da consciência negra escritora cláudia canto nossa política

    POSTS RELACIONADOS

    Antigo detrator de Reinaldo, vereador tem de ‘engolir sapo’ com tucano no comando do PL

    MS 27/07/20253 Mins Read

    Juiz atende PGE e Ministério Público e sepulta ação contra supersalários e penduricalhos no TCE

    MS 27/07/20254 Mins Read

    Movimento quer mudar estátua de Manoel de Barros: lugar horrível, sujo e sem luz adequada

    MS 27/07/20253 Mins Read

    Tromper 4 mostra esquema de corrupção alimentado com “bolinhos de propina”

    MS 27/07/20254 Mins Read

    Comments are closed.

    As Últimas

    STF interroga kids pretos que são réus pela trama golpista

    BR 28/07/20252 Mins Read

    Perícia aponta patrimônio incompatível com R$ 170 mil sem origem de ex-presidente do TJMS

    MS 28/07/20255 Mins Read

    Economia Fora Da Caixa – O PIX e o modelo arcaico norte-americano

    Opinião 28/07/20253 Mins Read

    Pedido de Tavares à Justiça Federal é extinto após TJMS manter condenação por crime de ódio

    Campo Grande 28/07/20254 Mins Read

    A verdade que você não lê por aí!

    Siga nossas redes:

    Facebook Twitter Instagram
    O Jacaré
    • Início
    • Últimas Notícias
    • Sobre o que falamos
    • Nosso Livro
    • Converse com a gente
    Categorias
    • AGRO
    • BR
    • Campo Grande
    • charge
    • JORNALISMO INVESTIGATIVO
    • Livro
    • MS
    • Mundo
    • Opinião
    • Seu Bolso
    © 2025 Todos os direitos reservados.

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.