O JacaréO Jacaré
    Facebook Instagram Twitter
    O Jacaré O Jacaré
    • Início
    • Últimas Notícias
    • Sobre o que falamos
    • Nosso Livro
    • Converse com a gente
    Home»MS»“Luto pela memória do meu pai há 40 anos”, diz filha de indígena morto
    MS

    “Luto pela memória do meu pai há 40 anos”, diz filha de indígena morto

    Especial para O JacaréBy Especial para O Jacaré25/11/20234 Mins Read
    Facebook Twitter WhatsApp Telegram Email LinkedIn Tumblr
    WhatsApp Facebook Twitter Telegram LinkedIn Email

    Luiz Cláudio Ferreira – Repórter da Agência Brasil – Brasília

    Marçal de Souza Tupã-i discursa ao papa João Paulo II, em Manaus, em 1980. (Foto: Paulo Suess/Cimi)

    A professora de história Edna Silva de Souza completava 33 anos de idade no dia 22 de novembro de 1983, mas a casa, na cidade de Dourados (MS), estava sem clima de comemoração. O pai, Marçal de Souza Tupã, de 63, estava tenso. 

    “Ele estava apreensivo e disse pra gente que estava se sentindo perseguido pelos discursos que vinha fazendo em defesa dos direitos dos indígenas à terra. Ele denunciava tudo o que via de errado. Mas a gente vivia numa ditadura. Não existia liberdade de expressão”, pondera a filha. 

    Cinco tiros

    Liderança Guarani Kaiowá, o auxiliar de enfermagem do efetivo da Funai, Marçal de Souza  foi assassinado em sua casa, na aldeia Campestre, no município de Antônio João (MS), com cinco tiros, no dia 25 de novembro há exatos 40 anos. Como havia sido transferido, só voltava para casa uma vez por mês.

    A família só foi avisada no dia seguinte. Não bastasse isso, o crime nunca foi esclarecido. “Desde aquele dia, buscamos por justiça. Luto pela memória do meu pai há 40 anos”, diz a filha, hoje aos 73 anos de idade. 

    Edna atuou por 35 anos como professora de história em escolas indígenas na região. “Por onde fui, contei a história dele. Era um revolucionário. Onde ia, as pessoas paravam para ouvir”.

    Isso gerou os problemas. “Ele procurava esclarecer os direitos para as pessoas. Na época, era chamado de agitador”, considera a professora. Ela recorda que a convivência com o pai havia ficado restrita com a função dele na Funai, mas Marçal não deixava de voltar para casa desde que foi transferido de cidade, três anos antes.  “Meu pai recebia o pagamento dele como auxiliar de enfermagem e voltava para Dourados todo mês para fazer compras para casa”.

    Resistência

    Em casa, havia deixado os sete filhos. Mas não dava um passo atrás. Fazia discursos, palestras, cobrava entidades públicas. Não se conformava ao ter conhecimento de indígenas em situação de vulnerabilidade. “Ele dizia: ‘sou uma pessoa marcada para morrer’”.

    No trabalho como enfermeiro, buscava remédio para as comunidades mais vulneráveis. Ouvia da família que deveria se cuidar e evitar sair à noite. Outra preocupação é que fazendeiros tentavam aliciá-lo para que deixasse de protestar. 

    “Ofereceram muito dinheiro para ele. E garantia que a honestidade não tinha preço”. Na última volta para casa, disse para a família que precisava arrumar mais remédios para a comunidade e que faltavam desde os medicamentos mais simples. 

    Papa

    Três anos antes do assassinato, Marçal de Souza, em Manaus, fez um discurso para o papa João Paulo II.  “Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto não, Santo Padre, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas. Esta é a verdadeira história”, disse ao papa. 

    Naquele ano do encontro com João Paulo II, Marçal Tupã foi transferido de cidade, onde acabou morrendo. Conforme registra o arquivo do MInistério Público Federal em Mato Grosso do Sul, os acusados Libero Monteiro de Lima e Rômulo Gamarra foram absolvidos por falta de provas. “Lembro que nos falaram que o local do crime não foi preservado e, por isso, ninguém foi punido”

    Após o assassinato, a família ficou com medo. Mas procurou honrar a terra do pai. “Ele falava que não ia desistir da missão”. Para honrar a memória de Marçal, entidades como o Centro Indigenista Missionário (Cimi), a Aty Guasu – Grande Assembleia dos Povos Kaiowá e Guarani, a  Universidade Federal da Grande Dourados e o Ministério Público Federal realizam atos de homenagem à memória do indígena assassinado há 40 anos.

    40 anos sem marçal entrevista luta por demarcação de terras indígenas marçal de souza nossa política Tiro News violência contra os povos indígenas

    POSTS RELACIONADOS

    Jornalista formada pela UFMS constrói ponte literária ao traduzir poetisa vítima do Holocausto

    Livro 13/07/20254 Mins Read

    Adriane põe servidor de castigo por 5 anos sem reajuste, mas seu salário será 6º maior do País

    MS 12/07/20252 Mins Read

    TJ suspende julgamento de PMs condenados na Máfia do Cigarro e anexa processo disciplinar

    MS 12/07/20253 Mins Read

    Lama Asfáltica: Há 10 anos, PF deu pontapé na operação que levaria André e “figurões” à prisão

    Campo Grande 12/07/20254 Mins Read

    Comments are closed.

    As Últimas

    Governo vai trabalhar para reverter taxação dos EUA, diz Alckmin

    BR 13/07/20254 Mins Read

    ECA 35 anos: Estatuto regulamentou direitos das crianças no Brasil

    BR 13/07/20259 Mins Read

    Ovando tira culpa de Bolsonaro, PL ataca Lula e empresas já têm prejuízos com tarifaço de Trump

    MS 13/07/20254 Mins Read

    Mega-Sena acumula e prêmio vai para R$ 46 milhões

    BR 13/07/20251 Min Read

    A verdade que você não lê por aí!

    Siga nossas redes:

    Facebook Twitter Instagram
    O Jacaré
    • Início
    • Últimas Notícias
    • Sobre o que falamos
    • Nosso Livro
    • Converse com a gente
    Categorias
    • AGRO
    • BR
    • Campo Grande
    • charge
    • JORNALISMO INVESTIGATIVO
    • Livro
    • MS
    • Mundo
    • Opinião
    • Seu Bolso
    © 2025 Todos os direitos reservados.

    Type above and press Enter to search. Press Esc to cancel.