Mais um caso típico da política brasileira. Os vereadores de Rio Brilhante aprovaram reajuste de 49% no próprio salário, de R$ 6.999 para R$ 10.432 a partir de fevereiro de 2025. Já para os demais servidores do legislativo faltou dinheiro e a correção será de apenas 5%, conforme os projetos de lei aprovados na segunda-feira (25).
Os 13 parlamentares vão ganhar R$ 10,4 mil para participar da sessão uma vez por semana, com duração máxima de duas horas e realizada no período noturno. Para aprovar o reajuste estratosférico, alguns vereadores falaram que o subsídio não tinha correção há 14 anos, apesar dos últimos reajustes terem sido aprovados em 2017 e 2020.
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Apenas quatro vereadores foram contra o reajuste de 49% no próprio salário: Rose, Venizelos Papacosta, Sérgio Silva e Carlos Segatto Tucura. O presidente da Câmara Municipal, Paulo César Alves, o PC (MDB), não votou, mas se manifestou a favor e ainda detonou quem era contra a proposta.
A defesa do reajuste mostra como os políticos de Rio Brilhante vivem alheios da realidade da população. Suplente de vereador, Éwerton Cristiano (União Brasil) citou exemplos para justificar que os R$ 7 mil atuais não são suficientes para garantir o seu sustento. Ele disse que gastou R$ 500 com o pagamento de retrovisor paralelo na Capital, que fica a 150 quilômetros de Rio Brilhante.
Ele criticou os adversários do reajuste e classificou as críticas de “demagogia barata”. Cristiano contou que ainda precisou emprestar R$ 200 de um colega para pagar pedágio – o valor gasto na ida e na volta não passa de R$ 20. E ainda disse que ficou endividado ao realizar empréstimos consignados.
Outro defensor do reajuste de 50%, Juarez Roza (MDB) disse que advogados questionando o pagamento de benesses ilegais para vereadores são “desocupados da vida”. O presidente da Casa disse que o reajuste é constitucional e ainda prometeu aprovar, ainda neste ano, a polêmica verba indenizatória para ajudar os vereadores durante o mandato.
Contrário ao projeto, o vereador Venizelos Papacosta citou que a família foi contra o reajuste. A irmã, conforme ele, citou que rala o dia todo para planejar e dar aulas em troca de R$ 4 mil. O vereador ganha mais de 50% mais. O pai ainda classificou o pagamento de R$ 10,4 mil muito para quem trabalha apenas uma vez por semana e, no máximo, oito horas por mês.
Mais enfática, Rose ironizou os colegas que reclamaram do valor. “Estou pensando em fazer uma vaquinha para ajudar quem está tendo muito gasto com a população”, afirmou. Em seguida, a parlamentar deu uma aula aos colegas ao destacar que o vereador deve fiscalizar o Poder Executivo e fazer leis, não ficar pagando conta de luz e gasolina para o eleitor.
A parlamentar ainda desmentiu os colegas que usaram o argumento de que o vereador de Rio Brilhante não tinha reajuste salarial há 14 anos. Segundo Rose, houve aumento em 2017 e 2020. Ou seja, há quatro anos.
Após aprovar o reajuste de 49%, os vereadores aprovaram aumento de 5% nos salários dos servidores da Câmara Municipal. É caso típico da atuação vergonhosa dos políticos brasileiros, tudo para mim e uma crise sem precedentes para os outros.
Algo semelhante ocorreu em Sidrolândia. A prefeita Vanda Camilo (PP) promoveu reajuste de 44,19% no próprio salário, que passa de R$ 25 mil para R$ 36 mil, e dos secretários municipais, de R$ 12 mil para R$ 17 mil. Já os demais servidores foram castigados com um reajuste de apenas 4,5%.
E o eleitor sempre tem a última palavra, no dia da eleição em outubro.
A favor do reajuste de 49%
Paulo César Alves – PC (MDB) – não votou, mas manifestou-se a favor
- Adailton Mendes Lima (PSD)
- Olimar Gamarra do Amaral (PSDB)
- Rodrigo Martins Laboissier Ramos (PSDB)
- Wandressa Freitas Barbosa (PSB)
- Juarez Alves Roza (MDB)
- Éverton Cristiano de Carvalho (UNIÃO)
- José de Freitas Neto (PP)
- José Maria Caetano de Sousa (PP)
Contra o reajuste vergonhoso
- Rosiane de Oliveira Batista Giuliani (PSD)
- Sérgio Lopes da Silva (PSDB)
- Venizelos Papacosta Neto (UNIÃO)
- Carlos Roberto Segatto (PTB)