Mário Pinheiro, de Paris
A solidariedade não tem lado político, cor, ideologia ou religião. Diante da miséria e de acontecimentos naturais de catástrofe, as pessoas se sentem tocadas pela dor do outro, isso se chama empatia. A solidariedade abraça, comove, se engaja e age numa ajuda que une os dois lados da ponte. Oposição política não deve ser desculpa esfarrapada para ignorar a dor.
Antes de falar do que ocorre no Rio Grande do Sul e da pronta disposição do governo federal em visitar a região, é preciso lembrar, no entanto, que chuvas torrenciais inundaram a Bahia em 2021 e que o presidente Jair Bolsonaro foi passear de moto aquática em Santa Catarina fazendo auê, abafando nas redes sociais.
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Não cabe comparações entre A e B, mas o mentor e detentor do golpe de estado deu provas de que era preciso ser indiferente ao caso da Bahia porque o governador era do PT.
Empatia é um sentimento humano que se reivindica e se partilha, quando o ser humano se encontra no fundo do poço. A indiferença é a maneira covarde e desumana de fugir das obrigações de chefe de Estado. É mais fácil fazer festa, ignorar o que a natureza reivindica e fazer apelo pra deixar a boiada passar.
Durante o período da pandemia da covid a indiferença do presidente Bolsonaro saia nas piadas de mal gosto que caçoava dos mortos e doentes. Nenhuma empatia. O governador Eduardo Leite é oposição ao atual governo, o povo do Rio Grande do Sul votou massivamente no ex-presidente. Entretanto, o presidente Lula não mediu esforços para visitar a região, deixou de lado a picuinha política e foi prestar solidariedade e socorro financeiro aos prefeitos que tiveram seus municípios invadidos e destruídos pelas águas.
O caos está instalado. Cabe aos governantes a missão de administrar e colocar a ordem no lugar. O que implica o trabalho de ajuda e dificulta a comunicação é a onda de mentiras que vem, talvez, da inveja por ver o povo solidário num Estado que tinha orgulho de ter escolhido o candidato a presidente apático e insensível.
Primeiramente, para vencer o problema do desastre natural das inundações, tudo começa pela forma de solidariedade que repousa na partilha dos princípios éticos. É claro que há saques, roubos de casas imersas, mas tudo se alia ao desespero. Ela constitui o fundamento da coesão social na sociedade onde a solidariedade material é fraca.
Quem se coloca à disposição para ajudar, dá provas de altruísmo. Altruísmo é o contrário de egoísmo. Há quem prefira atacar, inventar, digitar e destilar o veneno no teclado do computador. Esta agressividade não ajuda, ela atrapalha.
Lula está cumprindo as obrigações de presidente assim como todo cidadão solidário que se despiu de seu ódio para estender a mão.