O Jacaré teve acesso a trecho da denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-vereador e candidato a prefeito de Ladário, Munir Sadeq Ramunieh (PSDB), em investigação em que o tucano foi flagrando admitindo envolvimento com prostituição e drogas.
“P****, EU FAÇO TUDO ERRADO, DROGA, CASA DE PROSTITUIÇÃO, TUDO, NÃO SAÍ NO JORNAL NACIONAL. SÓ VOCÊ QUE SAIU”, declarou Munir em conversa com um outro suspeito, conforme transcrição do MPF. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal Correio do Estado.
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Em 2012, o então vereador de Ladário chegou a ser conduzido à Polícia Federal sob suspeita de comandar uma rede de prostituição em Corumbá. Ao todo, 40 pessoas foram levadas para a delegacia por suspeita de envolvimento no esquema.
Munir Sadeq foi apontado como dono de duas casas noturnas, que estavam sendo monitoradas desde o ano anterior. A investigação apurava os crimes de tráfico de pessoas para prostituição, aliciamento de menores e do tráfico de droga. Segundo a PF, foi comprovado tanto o favorecimento à prostituição quanto o descaminho.
Naquele ano, o parlamentar foi convocado para depor em CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados que investigava o tráfico de pessoas no País.
Conforme o Correio do Estado, o agora candidato a prefeito de Ladário tem condenações por improbidade administrativa pela prática de nepotismo na contratação de assessoria jurídica, que era cunhada dele, em troca de apoio político para eleição da presidência da Câmara Municipal. E cumpriu pena por tráfico de drogas, em São Paulo, antes de vir para Mato Grosso do Sul.
Em Ladário, o ex-vereador abriu três estabelecimentos que envolviam “dançarinas” de casas noturnas. No entanto, elas seriam garotas de programa e exploradas sexualmente.
Munir Sadeq virou réu em 2014 sob a acusação de comandar grupo que praticava crime de exploração de prostituição e rufianismo em Corumbá e em Ladário, segundo o Correio do Estado.
O trecho acima faz parte da denúncia do Ministério Público Federal, de 2017, resultado da Operação Vulcano. Munir Sadeq e mais 31 pessoas foram acusadas de envolvimento em um grande esquema de importações e exportações ilegais de produtos através da fronteira do Brasil com a Bolívia e envolvia empresários, despachantes aduaneiros, operadores financeiros e servidores da Receita Federal.
De acordo com as investigações, os envolvidos realizavam importações e exportações fraudulentas de produtos têxteis, pneus, cervejas, perfumes, aditivos químicos e maquinários diversos.
A conversa interceptada pela Polícia Federal tratava da apreensão de uma carreta carregada de cerveja trazida ilegalmente da Bolívia para ser comercializada em estabelecimentos de Munir. Em outro trecho, o ex-vereador foi flagrado combinando o pagamento de propina a policiais que estavam conferindo mercadorias em um depósito.
Candidatura indeferida em 2020
Há quatro anos, quando tentou ser candidato a prefeito pelo MDB, Munir Sadeq Ramunieh teve seu registro indeferido por não ter se desincompatibilizado junto à empresa Auto Posto Ladário Ltda., da qual é proprietário, dentro de um período de seis meses anterior ao pleito.
O Tribunal Regional Eleitoral alegou ainda o fato de ele manter junto à administração pública municipal, contratos para o fornecimento de combustível a secretarias e fundações do município.
Os contratos foram celebrados em março de 2020 e tinham prazo de vigência de 12 meses, estando, portanto, em vigor durante o período de eleições.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com o candidato a prefeito de Ladário Munir Sadeq Ramunieh (PSDB). Em suas redes sociais, o tucano divulgou um vídeo em que classificou a matéria do jornal Correio do Estado como “inverídica” e disse ser “ficha limpa”.