A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (11), a Operação Tanque Cheio, que investiga suspeita de compra de votos na campanha do prefeito eleito de Ladário, Munir Sadeq Ramunieh (PSDB). O tucano afirma que a denúncia tem cunho político e foi apresentada por coordenador de campanha de um de seus adversários nas eleições de outubro.
Os policiais cumpriram três mandados de busca e apreensão nos municípios de Corumbá e Ladário. Durante a operação, as autoridades apreenderam mídias com conteúdo digital, documentos e “objetos relevantes ao inquérito policial”, divulgou a PF. Os materiais serão submetidos a análises periciais para “aprofundar as investigações e identificar outros integrantes da rede criminosa”.
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A denúncia relata compra de votos por meio de abastecimento de veículos. O posto de combustíveis de um dos filhos de Munir Sadeq foi um dos locais que passou por varredura da Polícia Federal.
Em entrevista, o prefeito eleito disse colaborar com as investigações e afirmou que a ação tem cunho político.
“Foi um dos coordenadores de campanha do nosso opositor, que era o nosso concorrente. Ele fez uma denúncia de supostos abastecimentos aqui no posto”, afirmou Munir.
“Fornecemos os relatórios, fornecemos a conciliação bancária, conciliação de extrato. Tudo o que precisavam, nós atendemos, até pela transparência que a gente quer dentro dessa investigação. Foi fornecido para eles o que precisavam. A gente sabe que tem cunho político, mas temos muita tranquilidade, porque sabemos que não cometemos nada de irregular, de ilegal”, disse o tucano ao Diário Corumbaense e à TV Morena.
Réu por exploração à prostituição e condenado por improbidade administrativa, Munir Sadeq Ramunieh (PSDB) foi eleito prefeito de Ladário em 6 de outubro. O tucano foi condenado, em julho deste ano, por improbidade administrativa devido à farra no pagamento de diárias que causaram prejuízo de R$ 497,5 mil aos cofres da Câmara Municipal.
Além disso, Munir é réu com mais 31 pessoas acusadas de envolvimento em um grande esquema de importações e exportações ilegais de produtos através da fronteira do Brasil com a Bolívia e envolvia empresários, despachantes aduaneiros, operadores financeiros e servidores da Receita Federal. Em 2012, quando era vereador, chegou a ser conduzido à Polícia Federal sob suspeita de comandar uma rede de prostituição em Corumbá.
A sentença da juíza Luiza Vieira Sá de Figueiredo, da Vara de Fazenda Pública e de Registros Público da comarca de Corumbá, concluiu que ficou comprovado que, entre os anos de 2011 e 2013, os então vereadores receberam diárias em valores superiores ao estabelecido em resolução da Casa de Leis, até durante período do recesso legislativo, de forma irregular e as verbas acabaram incorporadas aos salário dos parlamentares.
Munir Sadeq Ramunieh terá de devolver R$ 34.929,00 aos cofres municipais. Além disso, está proibido de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de oito anos. Ele pode recorrer da sentença.