Mário Pinheiro, de Paris – Donald Trump não é político de base, é um homem de negócios nascido em berço de ouro. Sua visão sobre soberania se encaixa no estrabismo, na vesguice, é individualista e mesquinha. Ele defende os próprios interesses como um “tio patinhas”. Enquanto presidente da nação americana, ele possui poderes que fazem dele o elemento ora envolto de inteligência, ora rodeado de sabujos, bajuladores e imitadores de hienas.
São ratos de porão que subiram à superfície pelo tubo da descarga. A tensão e medo da guerra bate à porta da Europa num momento crucial em que os Estados Unidos se desliga do continente europeu, rompe sua ajuda bélica e financeira ao País que teve suas fronteiras invadidas ao mesmo tempo em que estende a mão ao opressor.
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A guerra não algo genial, é mortífera, destrói famílias, prédios, plantações, inunda o território de órfãos, viúvas e deixa as adolescentes à mercê de soldados com sede de estupro. Os crimes de guerra contra civis caem no esquecimento com o passar dos anos. Vem a guerra comercial que é o principal destaque da política trumpista, mas não basta aumentar o imposto nas importações, há também a exclusão de pessoas.
A guerra, que seja comercial ou com as milhares de bombas cuspidas por canhões ou vomitadas por aviões, é devastadora e alimenta o ódio terrifiante num ranger de dentes. A guerra é a declaração da destruição e do mal ao outro. Se os milhares de corpos destroçados por explosivos não são recuperados e enterrados, o risco evidente é de epidemia.
Entre os homens, a ideia da destruição gera a comoção contraditória num sentimento de rejeição e repúdio, mas também criador e catalizador de novos valores. O mundo é uma luta, diria Nietzsche, a agonia perpétua da morte que busca adquirir as pulsões da potência. Na visão de Heráclito, é obscuro ver a realidade como uma luta, um combate de contrastes.
Nietzsche foi enfermeiro durante a guerra da Alsácia-Lorraine, em 1870. Ele afirma que a guerra garante a liberdade e a soberania, mas como ser livre e soberano quando a morte se alastra e espalha o terror? E que guerra acaba sempre com a paz.
Os Estados Unidos, mergulhado na extrema direita do governo Trump, anunciou o corte da ajuda aos ucranianos. A decisão causou tremor e fricção na Europa, que, em seguida, pôs em andamento seu plano de rearmamento que pode atingir 800 milhões de euros.
O conselho europeu reunido em Bruxelas em 6 de março aprovou o plano de rearmar a Europa, apresentado pela presidente da comissão Ursula von der Leyen. Não se sabe o que vem pela frente.
Ao final da 2ª Guerra Mundial, o plano Marshall teve papel importante na reconstrução dos países destruídos pelo nazismo, depois, a partir de acordos diplomáticos, instalou suas bases militares. Com a negação de Trump em financiar a Europa, haverá mudanças no que concerne estas bases americanas visto que a saída dos americanos da OTAN já foi anunciada pelo presidente. A Europa teme por uma invasão russa a qualquer momento.
O presidente Trump quis impor o cessar-fogo pela pressão ao ouvir somente Vladimir Putin por telefone e ao acusar de ditador Zelensky. Na conversa que houve no salão oval da Casa Branca, entre o representante da Ucrânia e dos Estados Unidos, o clima foi desastroso ao ucraniano que, sob a condição sine qua non, teria de assinar o acordo em que deixaria os Estados Unidos fuçar e retirar os minérios como forma de aprovação.