Em depoimento à Justiça, o delegado Fábio Brandalise, da DERF (Delegacia Especializada na Repressão de Roubos e Furtos), descarta que a suposta organização criminosa comandada pelo deputado Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL), tenha praticado roubos na guerra para assumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande. Um dos três assaltos investigados teria sido simulado pela vítima.
Ao falar para a juíza May Melke Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, o delegado considerou a possibilidade, conforme os indícios, de que não houve roubo, conforme foi apontado no boletim de ocorrência pela suposta vítima.
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Na denúncia decorrente da Operação Sucessione, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apontou que a organização criminosa seria violenta e cita três roubos praticados. O grupo teria usado a tática para impor o medo contra o grupo paulista e assumir o comando dos jogos de azar após a decadência da família com a Operação Omertà, deflagrada pela primeira vez em 29 de setembro de 2019.
No entanto, a versão dos roubos não foi corroborada pelo delegado da DERF. Ele contou que os assaltos foram investigados pela unidade porque teriam ocorrido no mesmo dia e seriam atípicos, o roubo de malotes dos responsáveis pelo recolhe do jogo do bicho.
O caso mais curioso foi um em que a vítima esteve na casa no Bairro Monte Castelo, onde supostamente funcionava o QG do jogo do bicho liderado pelo deputado e foram apreendidas 700 máquinas.
Identificado como Ricardo, o responsável pelo recolhe, ele esteve na residência antes e se encontrou com os supostos “assaltantes”. Em seguida, o homem recolheu o dinheiro das apostas e foi abordado pelos “assaltantes”. Logo em seguida, conforme Brandalise, a vítima esteve na casa para se encontrar com os “algozes”, que o teriam “roubado”, e recebeu parte do dinheiro levado.
O delegado afirmou que a conclusão é de que não ocorreram os roubos. No entanto, Brandalise ponderou que não considerou as provas recolhidas pelo DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e pelo Gaeco, que mantiveram a investigação em sigilo. Também destacou que, apesar de descartar os roubos, as ações são de organização criminosa.
A juíza concluiu o julgamento e o processo está na fase das alegações finais. Alguns réus estão presos e a defesa tenta habeas corpus para revogar a prisão preventiva.