Apesar do “friozinho” em Campo Grande, o clima esquentou entre deputados bolsonaristas e petistas na sessão desta terça-feira (29) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O bate-boca entre os parlamentares teve como estopim a ação da Polícia Militar no despejo de cerca de 300 famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), em Dourados, no último fim de semana.
Os trabalhos chegaram a ser suspensos por três minutos após a discussão ficar generalizada com gritos e trocas de ofensas. Zeca do PT apresentou uma moção de repúdio à ação da PM e aos que autorizaram a retirada dos manifestantes de uma propriedade rural, para rebater uma moção de aplausos proposta por João Henrique Catan (PL) a favor da PM.
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Coronel David (PL), não deixou barato, e apresentou repúdio contra MST pelo bloqueio da BR-060.
“Esta ação criminosa representa uma violação frontal do direito constitucional de ir e vir assegurado a todos os brasileiros. E esse bloqueio causou prejuízos de ordem econômica, social”, declarou David, que recebeu o apoio de João Henrique e Neno Razuk, ambos também do PL.
Coronel David afirmou que mandaria um ofício ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e a para a Polícia Rodoviária Federal solicitando autorização do Batalhão de Choque da PM em novos bloqueios de rodovias federais.
O contra-ataque dos deputados petistas foi lembrar das manifestações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que acamparam em frente aos quartéis e em estradas por todo o País, antes e depois das eleições de 2022.
“Ficaram quatro meses acampados fazendo baderna, churrascada, enchendo o saco da população e a droga da polícia fez absolutamente nada porque não tinha ordem do governo do Estado”, declarou o ex-governador Zeca do PT, para irritação de Coronel David devido à ênfase ao termo “droga” durante o seu discurso.
“Droga é esse partido que ele representa aqui, não admito que venha uma pessoa dizer que a Polícia Militar é uma droga, droga é o senhor”, rebateu David.
João Henrique Catan pediu a palavra, Pedro Kemp (PT) protestou, porque aquele não seria o momento apropriado para mais discursos parlamentares. “Temos que entender que estamos no pequeno expediente, uma manifestação com mais profundidade deve ser feita no grande expediente”, justificou o 2º secretário da Mesa Diretora.
O deputado Renato Câmara (MDB), que presidia a sessão, permitiu que o colega bolsonarista fizesse sua declaração. Em seguida, Kemp tomou a palavra e a situação começou a sair do controle, com petistas e bolsonaristas em discussão acalorada. Para acalmar os ânimos, os trabalhos foram suspensos por três minutos.
Depois da pausa, a sessão foi retomada e seguiu seu curso. Pedro Kemp e Gleice Jane (PT) utilizaram a tribuna da Casa para tratar da ação da PM e do despejo dos integrantes do MST.
“A ação foi truculenta e desproporcional. Foi uma manifestação legítima pela reforma agrária e numa terra improdutiva há 12 anos. Não é bandido que invade as fazendas, é um movimento de trabalhadores e trabalhadoras rurais, que reivindica trabalhar, produzir e gerar emprego”, disse Kemp.
“O vigor com que o governo mobiliza forças para despejar famílias do MST não é o mesmo quando mães atípicas aguardam por atendimento, quando professores pedem capacitação ou quando aposentados lutam pelos seus direitos”, relatou Gleice Jane.