O transporte coletivo de Campo Grande é péssimo, precário, ruim e caro por “falta de gestão do (Poder) Executivo”. Essa foi a conclusão do primeiro depoimento na CPI do Consórcio Guaicurus, feito por Lúcia Maria Mendonça Santos, especialista em mobilidade urbana, feito na tarde desta segunda-feira (28).
Preocupado em livrar a prefeita Adriane Lopes (PP) de mais um desgaste, o vereador Maicon Nogueira (PP), já anunciou que vai convocar o colega de legislativo e ex-prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD), para explicar a situação do transporte coletivo. Ele foi prefeito por seis anos.
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No entanto, o depoimento deixou claro que Adriane, no cargo desde abril de 2022, não tem feito algo para melhorar o transporte coletivo. As únicas medidas efetivas da atual prefeita foram o pagamento de subsídio ao Consórcio Guaicurus e o aumento de R$ 0,20 na tarifa no início deste ano, de R$ 4,75 para R$ 4,95.
Lucia Maria, que é Engenheira Civil Mestra em Mobilidade Urbana pela Universidade Federal de Santa Catarina, foi enfática em responsabilizar a prefeitura pelos problemas no setor. “É a Prefeitura que tem que estar presente. Quem trabalha para o usuário do transporte público é a Prefeitura. E lá dentro precisa ter gente que faça a gestão da receita do transporte. Isso não pode estar nas mãos dos empresários”, afirmou.
“O problema é de falta de gestão do Executivo. Quando o município não fiscaliza, o operacional não atua com comprometimento. E a Prefeitura precisa se estruturar para acompanhar a operação (do transporte coletivo)”, argumentou Lucia Maria.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) apontou que a oitiva da engenheira Lucia Maria “trouxe elementos de comparação com o sistema de transporte público de outras cidades, que nos deram direção para buscar mais informações para a CPI. Começamos bem, com uma orientação de como é gestão do nosso transporte”.
A relatora da CPI, vereadora Ana Portela (PL), reforçou a importância de o município manter uma estrutura permanente de fiscalização do consórcio Guaicurus. “A Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) tem recursos para fiscalizar e entregar para a população as respostas necessárias, mas não o está fazendo. Está sendo negligente”, afirmou a vereadora.
Aliado de Adriane, Maicon Nogueira adiantou que vai apresentar requerimento para que a comissão ouça o vereador Marquinhos Trad, que foi prefeito de Campo Grande de 2017 a 2022.
“Eu senti a necessidade e o interesse do ex-prefeito Marquinhos Trad de participar da CPI. Vou apresentar o requerimento para que ele possa ser ouvido. Por ter sido prefeito de Campo Grande por seis anos, ele pode contribuir e muito em relação às dúvidas que temos sobre a fiscalização do Poder Público Municipal, que não está sendo feita”, argumentou Maicon. No entanto, ele não cogitou convocar Adriane Lopes.
“Já temos oito oitivas agendadas. A Fase 1 de coleta de informações não se encerrou, pois esse trabalho será constante”, afirmou o presidente da CPI, Dr. Lívio (União Brasil).
A próxima oitiva da CPI do Transporte Público será do diretor-presidente da Agereg, José Mário Antunes da Silva, previsto para segunda-feira (5).