Desde que assumiu o Ministério do Planejamento e Orçamento, no início de 2023, Simone Tebet (MDB) viu cinco dos seis auxiliares de “alto escalão” pedirem demissão. O último a abandonar o barco foi o responsável pela Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Assuntos Econômicos, Sergio Firpo, que anunciou sua decisão na quarta-feira (30).
Os demais que deixaram seus postos foram Renata Amaral (Assuntos Internacionais), Leany Lemos (Planejamento), Paulo Bijos (Orçamento) e Totó Parente (Relações Institucionais). Pessoas próximas ao dia a dia do ministério indicam que a dificuldade para levar à frente agendas da pasta frustrou parte destes auxiliares e contou para as saídas a pedido.
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Segundo a CNN Brasil, Firpo já demonstrava vontade de deixar o cargo. A grande insatisfação seria em relação à falta de convencimento do governo em conseguir traduzir as revisões em melhorias.
“Meu compromisso com a ministra Tebet foi o de estruturar uma área dentro do MPO que contribuísse para fortalecer a agenda de avaliação no executivo federal e desenvolvesse instrumentos para o aprimoramento contínuo da qualidade do gasto público. Após mais de dois anos de trabalho, percebo que fizemos importantes avanços nessa direção”, declarou Firpo.
Em comunicado, o Ministério do Planejamento ressaltou que inovações no processo de revisão de gastos foram implementadas e integradas ao ciclo orçamentário por meio do Plano de Diretrizes Orçamentárias.
“Registro meu agradecimento a Sérgio Firpo pelo reconhecido trabalho à frente da Secretaria de Revisão de Gastos. Ao longo de dois anos e meio, sua dedicação foi fundamental para o aprimoramento da qualidade do gasto público e da eficiência dos serviços à população. Gastar de forma eficiente os recursos dos contribuintes em projetos que são essenciais para a proteção de segmentos mais vulneráveis da economia é uma das tarefas mais importantes dos governos. Desejo-lhe pleno êxito em seus novos desafios”, disse Simone Tebet sobre a saída do secretário
Ainda segundo a CCN Brasil, uma ala do ministério também reclama do “imediatismo” que pauta o trabalho da pasta, minando a possibilidade de tocar agendas de médio e longo prazo. Por outro lado, fontes destacam a autonomia da equipe como uma característica marcante da gestão de Tebet.
Além disso, apesar do reconhecimento técnico da equipe escolhida por Simone Tebet, falta espaço para articulação política da pasta dentro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O fato de a ministra ser filiada ao MDB contribui para o isolamento da área do Planejamento das negociações centrais e dificulta sua inserção nas decisões estratégicas do governo, que fica centrada em figuras como Gleisi Hoffman (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).
Oficialmente, Totó Parente deixou o cargo por questões pessoais; Renata Amaral foi para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Leany Lemos, para o setor privado; Paulo Bijos acabou convocado para retornar ao seu cargo na Câmara dos Deputados.