Empresários combinavam sobre o pagamento de propina de R$ 20 mil a R$ 50 mil para a ex-coordenadora de Contratos e Licitações da Secretaria Estadual de Educação, Andréa Cristina Souza Lima, segundo representação da Polícia Federal à Justiça Federal. Alvo da Operação Vox Veratatis, deflagrada no dia 21 deste mês, ela tinha salário de R$ 11,3 mil, de acordo com o Portal da Transparência.
Andrea foi demitida pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) após ser alvo da Operação Turn Off, deflagrada pelo Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) no dia 29 de novembro de 2023.
Veja mais:
Em conversas, ex-adjunto da Educação é chamado de “muito fominha” ao cobrar propina
PF apura se ex-adjunto da Educação cobrou propina de mobiliários vendidos a 6 prefeituras
Fraude nas licitações de tablets e notebooks rendeu propina de R$ 1 milhão, suspeita PF
“Cabide de empregos” na Educação tem gêmeo e cunhado de candidato a vereador derrotado
Conforme a PF, a então coordenadora de Licitações e Contratos era peça-chave no suposto esquema de desvios de recursos federais. Os empresários sugeriam a ata de registro de preços a ser usada e depois forjavam os orçamentos para atender a legislação e justificar a contratação da empresa envolvida no esquema.
“Ao que tudo indica na conversa de Andrea com Leonardo, eles fraudaram o processo de adesão, pois articularam o envio de cotações de empresas parceiras para demonstrar a vantajosidade dessa contratação”, apontou a PF.
No dia 16 de junho de 2022, Leonardo Primo de Araújo, da L & L Comercial e Prestadora de Serviço, conversa com o interlocutor sobre o recebimento de Charles Vieira Cortez ME e menciona o pagamento de R$ 20 mil a Andrea.
“Blza… caindo a gente combina. R$ 1.196.650,00. Leo, não esquece que a gente combinou dar uns rs para Dedeia. Vamos tirar da pedalada ou vamos tirar depois da pedalada? Prometemos 20k para ela”, afirma o empresário, que também é investigado pela PF por integrar o esquema.
“Vamos pegar NF maior, pegar a comissão de 15%, desse resultado a gente tira 20% de imposto e desse resultado a gente tira R$ 20 mil para ela e o resto dividimos em três”, propõe o interlocutor de Leonardo Araújo.
Ainda em 2022, nos meses de outubro e novembro, eles conversam sobre pagar R$ 50 mil para Andréia, que chamam de “gordinha”, para convencer o secretário-adjunto de Educação, Édio Antônio Resende de Castro para realizar compra por adesão a ata de um consórcio de Minas Gerais.
“Leo, oferece 50 k para a Gordinha na compra do Bob. Pra ela fazer a cabeça do Édio”, propõe o empresário. A compra de 6.720 desktops acabou ocorrendo por R$ 6,720 milhões da Bellagio Commerce Importação e Exportação, de acordo com a PF.
Andrea e Édio Antônio foram alvos da Operação Turn Off e chegaram a ser presos na Operação do Gaeco. No entanto, eles obtiveram habeas corpus concedido pelo desembargador Emerson Cafure, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.