Militante bolsonarista, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), foi às redes sociais celebrar o resultado do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral, que a livrou da cassação por 5 a 2, apesar de confirmar a compra de votos nas eleições de 2024. “Eu sempre acreditei na Justiça, que mais uma vez confirmou o resultado das urnas”, destacou em vídeo divulgado nas redes sociais.
No ano passado, a prefeita foi a São Paulo e ao Rio de Janeiro para participar de manifestações convocadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que confirmou a vitória de Luiz Inácio da Lula da Silva (PT) e o tornou inelegível por oito anos por abuso de poder. E ainda contra decisão do Supremo Tribunal Federal, que prendeu bolsonaristas pela invasão e depredação dos prédios dos três poderes no 8 de janeiro.
Veja mais:
TRE reconhece compra de votos, mas, por 5 a 2, nega pedido para cassar mandato de Adriane
“Cassar esse mandato não é afrontar a democracia, é restaurá-la”, defendem advogados
Cassação de Adriane é punição a prática repugnante e lição contra voto de cabresto, diz vereador
Em julgamento histórico, realizado nesta terça-feira, o TRE julgou improcedente o pedido de cassação de Adriane e da vice-prefeita, Camilla Nascimento de Oliveira (Avante) por captação ilícita de sufrágio nas eleições de 2024. Só dois votos, dos juízes Vítor Luís de Oliveira Guibo e Fernando Nardon Nielsen, foram pela cassação do mandato mediantes provas robustas e contundentes.
Já o desembargador Carlos Eduardo Contar e os juízes Alexandre Antunes da Silva, Márcio de Ávila Martins Filho e Carlos Alberto Almeida de Oliveira concluíram que há provas de compra de votos, mas não encontraram anuência da prefeita. Já Sérgio Martins apontou provas frágeis da compra de votos.
“Eu espero que nossos antigos adversários respeitem o resultado das urnas e do tribunal, as eleições ficam para trás”, afirmou Adriane, em rara manifestação sobre o julgamento do pedido de cassação feito pelo PDT e pelo Democracia Cristã.
“Repito: nosso foco é Campo Grande. Trabalhamos para desenvolver a cidade, cuidar das pessoas e fazer sempre o que é certo”, garantiu a chefe do Poder Executivo, salva no gongo pelos magistrados sul-mato-grossenses.
Declarado inelegível pelo mesmo Tribunal Regional Eleitoral no ano passado, o ex-vereador Tiago Vargas (PP), postou mensagem de apoio à prefeita. “O grupo de políticos corruptos que estavam por trás dessa ‘ARMAÇÃO’ terão que aprender a respeitar acima de tudo a vontade de DEUS e o voto popular”, afirmou o político de extrema direita. “Prefeita @adrianelopesms, que o nosso Senhor Jesus Cristo lhe dê sabedoria para cuidar do nosso povo tão necessitado”, postou Vargas.
Outros eleitores recorreram à rede social da prefeita para lembrar o abandono da Capital. “Hospitais sem leitos, cidade cheia de sujeira e mato crescendo e o transporte público obsoleto! parabéns prefeita!”, ironizou Eliane Santana Santos. “Vamos trabalhar prefeita a cidade tá puro mato e buraco”, protestou Wesley Costa.
Outros eleitores foram à rede social de Adriane festejar o resultado e agradecer a Deus pelo julgamento.
Marido defende prefeita
Marido de Adriane Lopes, o deputado estadual Lídio Lopes (sem partido), ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa para defender a esposa. Ele elogiou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral. “Costumo descer do palanque, se ganhei, ganhei, se perdi, eu perdi, como diz, me mudar os cargos e tocar a vida”, afirmou o parlamentar, que acompanhou Adriane no primeiro ato de Bolsonaro na Avenida Paulista no ano passado para questionar o STF e a Justiça Eleitoral.
O deputado questionou a denúncia, que teve aval da Procuradoria Regional Eleitoral, para reforçar a acusação de compra de votos. “No mundo de hoje, quem perderia uma oportunidade em uma reunião com mil pessoas para pedir voto? É muito estranho, numa reunião que tinha mil pessoas para comprar o voto por 100 reais, não era possível que alguém não estivesse com o celular, no mínimo, gravando para dizer olha, estão distribuindo dinheiro, estão comprando voto”, afirmou.
O PDT e o Democracia Cristã já anteciparam que vão recorrer contra a decisão ao Tribunal Superior Eleitoral.