Pela primeira vez em 11 anos, 23 mil profissionais da educação pública vão às urnas, nesta segunda-feira (2), com opção e terão o dilema de votar pela continuidade ou por mudança na Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), maior entidade sindical do Centro-Oeste. Mas o maior desafio será equiparar os salários dos professores temporários com os dos concursados da rede estadual de ensino.
A candidata da continuidade é a professora Deumeires Moraes, atual vice-presidente e candidata da situação, apoiada pelo atual presidente, Jaime Teixeira. A oposição, inédita em duas décadas, é representada pelo professor e advogado Joaquim Soares de Oliveira Neto, que definiu como bandeira acabar com o suposto uso da entidade como trampolim político.
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Natural de Tupi Paulista (SP), Deumeires começou a trabalhar como professora em Dourados em 1987. Professora de Matemática formada pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e Ciências por uma faculdade de Dracena, ela tem pós-graduação em Gestão Escolar. Está na diretoria da Fetems desde 2005.
Formado em Filosofia pela UCDB, Joaquim também é formado em Direito pela mesma instituição. Ele tem concurso no Estado para 40 horas na disciplina de história. Na gestão do ex-governador Zeca do PT, Joaquim foi assessor da Secretaria Estadual de Administração e coordenador de Políticas Específicas da Secretaria Estadual de Educação.
Também o fato de haver uma unicidade de apoio à chapa 1 entre as presidentas e presidentes dos 74 sindicatos municipais filiados à federação consolidam que a nossa história e as nossas propostas vem em encontro ao pensamento e necessidades da nossa base,
Propostas
Os dois candidatos garantem ter a melhor proposta para o magistério. “A nossa chapa se sustenta em bandeiras de lutas e ações prioritárias que partem da insatisfação dos rumos que a federação estava tomando. É a melhor proposta porque se baseia na transparência”, garante Joaquim Soares.
“As nossas propostas vem de encontro com os desafios que temos enfrentado e também em consonância das pautas da categoria que são necessárias continuar lutando na defesa das mesmas, também porque a composição da nossa chapa, a chapa 1, favorece que todas as demandas da categoria possam ser debatidas e encaminhadas de forma a contento pois todos os segmentos da nossa base estão muito bem representados na nossa equipe”, garante Deumeires Moraes.
“Uma gestão da Fetems que não presa pela transparência não valoriza a democracia de verdade, nem a participação ativa dos seus filiados. Propomos uma Fetems para todas às pessoas: indígenas, convocados, aposentados, inativos, readaptados, administrativos e efetivos. A nossa chapa é a chapa da inclusão!”, garante o candidato de oposição.
O vencedor ou vencedora terá como principal desafio cobrar do governador Eduardo Riedel (PSDB) a promessa de campanha de equiparar o salário do professor temporário com o do efetivo. Atualmente, o profissional sem concurso ganha quase metade do concursado.
Por isso, por todas as experiências e vivências ao longo desses 20 anos, tanto na prática pedagógica, quanto na administrativa, tenho a convicção de que estou preparado para os desafios da gestão da Fetems.
Entidade foi decisiva nas conquistas
Presidente da Fetems por dois mandatos e atual secretária-geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Fátima Silva, enumera as conquistas dos administrativos e professores para ressaltar a importância da federação na luta da categoria ao longo dos 45 anos.
Fátima destaca o salário pago aos professores concursados, que é maior pago atualmente no Brasil. Ela pontua que até os temporários, mesmo sendo inferior, ainda assim recebem uma das melhores remunerações do País. Dos administrativos, a dirigente destaca a jornada de seis horas e o Pro-Funcionário.
Sobre a estrutura, a secretária-geral da CNTE menciona o Hotel de Trânsito, que fica a disposição dos trabalhadores na Capital. “É a entidade eleita democraticamente, quem decide são os trabalhadores”, destacou, citando que o congresso chega a contar com a participação de 2 mil participantes.
“A luta da Fetems por uma escola pública de qualidade e gratuita para todos, tem contribuído e muito para o desenvolvimento da educação em nosso Estado. Nossa luta sindical incentivou os demais funcionários a se organizarem também. Somos hoje a maior organização sindical, respeitada em todo o Brasil, com um modelo de organização único, uma federação de sindicatos municipais c eleição direta, envolvendo trabalhadores públicos estaduais e municipais, cobrindo todos os 79 municípios”, afirmou o ex-deputado federal e ex-secretário estadual de Educação, Antonio Carlos Biffi, um dos fundadores da entidade.
“Na política, marcamos presença nos grandes eventos nacionais, como Diretas Já; constituinte de 1988; Reformas da Previdência; Trabalhista e Educacional; jornada reduzida em sala de aula; piso nacional profissional e unificação dos Professores com os funcionários administrativos das escolas; eleições diretas pra diretores de escolas e etc, etc”, enumera Biffi.
Fátima Silva acrescenta ainda a participação no movimento pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1992. “A Fetems é o pilar da democracia em Mato Grosso do Sul eparticipa de todos as lutas”, frisou Fátima.