Albertino Ribeiro – Na última sexta-feira, o IBGE divulgou o resultado do PIB do primeiro trimestre de 2025. Muitos não esperavam, mas a nossa atividade econômica subiu 1,4%, destaque para o setor agropecuário que ajudou a puxar o PIB para cima, tendo uma variação positiva de 12,2%.
Como morador do estado de Mato Grosso do Sul, que tem uma vocação primária, gostaria muito de saber qual foi sua participação no crescimento da atividade agropecuária. Entretanto, só poderemos saber no próximo ano, quando forem publicados os dados estratificados.
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Contudo, eu posso fazer uma conta de padeiro – perdoe-me os padeiros que são muito bons de conta -, mas acho que fazendo um cálculo rápido, tomando por exemplo que MS é o 8º maior produtor agropecuário do país e sua participação na agropecuária equivale a 15%, podemos inferir que contribuímos em 1,83% para esse crescimento de 12,2% que o setor agropecuário proporcionou. O cálculo tá complicado? Não importa.
Caro leitor, não caia de sua confortável cadeira aí no seu escritório; embora o setor agropecuário seja importante, este não deveria ser o principal motor da economia brasileira, talvez nem mesmo da economia sul-mato-grossense; Já te explico.
Nações como a Coreia do Sul, cuja vocação até a década de 60, era produzir arroz e a China, mais recentemente, fortaleceram sua indústria com pesados investimentos em ciência e tecnologia e conseguiram chegar ao topo como líderes na fabricação de produtos com alto valor agregado. Enquanto isso, o Brasil continua mantendo sua pauta produtiva direcionada para commodities agrícolas e minerais, que possuem baixo valor agregado.
Segundo o economista Paulo Gala, professor da fundação Getúlio Vargas, “a consequência desse modelo é um crescimento limitado, ou seja, baixa geração de empregos de qualidade, concentração de renda e vulnerabilidade externa”. Segundo Paulo, que também é doutro em economia, na prática somos exportadores de peso e volume, não de conhecimento e valor. Segundo ele, a diferença entre vender soja, por exemplo, e biofármacos, é a diferença entre ser periferia ou centro da economia global.
O Brasil está diante de uma grande oportunidade na história. É necessário aproveitarmos as transformações que estão redesenhando o sistema produtivo mundial e abraçarmos a transição energética combinada com a reindustrialização do nosso país.
Temos um capital ambiental gigante que podemos utilizar a nosso favor para catapultar a indústria energética, promovendo a descarbonização da economia e também atuar na produção de alimentos processados e medicamentos.
Está na hora de levantarmos do nosso berço esplêndido e não sermos apenas o “florão da américa”; temos potencial para sermos o florão do mundo. Dessa forma, teremos um PIB maior, mais forte e sustentável.