Por manter o esquema de corrupção mesmo com tornozeleira eletrônica e na mira do Ministério Público Estadual, o ex-vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB) foi preso com mais dois acusados nesta quinta-feira (5). O GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combater ao Crime Organizado) investigam desvios em contratos de R$ 20 milhões.
Com o apoio do Batalhão de Choque e do BOPE (Batalhão de Operações Especiais), os promotores foram às ruas para cumprir 29 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão na 4ª fase da Operação Tromper.
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Além do genro da ex-prefeita Vanda Camilo (PP), o MPE prendeu o ex-assessor de Claudinho, Carmo Name Júnior, e o dono de uma construtora.
A suposta organização criminosa, comandada pelo ex-secretário municipal de Fazenda de Sidrolândia, continuou atuando na prefeitura da cidade apesar do Gaeco e do GECOC já terem deflagrado três fases de combate à corrupção no município.
“Essa nova fase decorre do desdobramento das investigações, onde foram reunidos diversos elementos que comprovam o pagamento de vultosas quantias de propina a agentes públicos, além dos crimes atuais de ocultação e dissimulação da origem ilícita de valores provenientes dos crimes antecedentes”, apontou o MPE, em nota à imprensa.
Os desvios ocorreram nos contratos que somam R$ 20 milhões. “A investigação apontou para a existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, incluindo contratos milionários com empresas atuantes no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica, sendo apurado que a atuação da organização criminosa permaneceu ativa mesmo após a deflagração das operações anteriores e a aplicação de medidas cautelares”, destacou.
Além de Claudinho, Carmo Name Júnior também era monitorado por tornozeleira eletrônica. O ex-vereador ficou afastado no ano passado por oito meses e foi mantido no cargo pela Câmara Municipal de Campo Grande apesar de ter faltado a todas as sessões desde abril do ano passado.
Claudinho entrou para o folclore policial ao pedir à Justiça para retirar a tornozeleira eletrônica porque estava lhe causando feridas na perna. Ele ainda alegou que enfrentava transtornos ao se deslocar para trabalhar na fazenda em Anastácio e residir em Campo Grande. Os desvios ocorreram na gestão da sogra, Vanda Camilo, que perdeu a eleição para o bolsonarista Rodrigo Basso (PL).
Em nota, o responsável pela defesa de Claudinho, o advogado Tiago Bunning, afirma que não existem motivos para uma nova ordem de prisão. Confira abaixo, na íntegra.
NOTA DA DEFESA
Cláudio Serra Filho está afastado da vida pública e não ocupa mais cargo politico. Está sob monitoramento eletrônico, fazendo uso de tornozeleira desde 26/04/2024, ou seja, há 14 meses. Neste período não foi comunicada a prática de crime e não houve violação das medidas cautelares. Não existem motivos para uma nova ordem de prisão.
A Defesa aguarda ter acesso aos autos para se manifestar a respeito do conteúdo da investigação.
Campo Grande/MS, 05 de junho de 2025.
*Matéria editada às 12h30, do dia 5 de junho, para acréscimo da manifestação da defesa de Claudinho Serra.