O PSDB aprovou em convenção nacional, realizada nesta quinta-feira (5), a incorporação do Podemos por 201 votos a favor, dois contra e duas abstenções. A cúpula mudou a tática, já que a inicial era a fusão entre os dois partidos, para evitar a debandada. No entanto, a estratégia só deve atrasar, mas não evitar o esvaziamento do ninho tucano.
Apesar de ter uma bancada maior, o Podemos aceitou desistir da fusão e da criação de um partido com um novo nome. Ao ser incorporado ao PSDB, a medida não permite que parlamentares deixem a legenda sem risco de perder o mandato com base na cláusula de fidelidade partidária.
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Atualmente, o PSDB tem 13 deputados federais e três senadores, enquanto o Podemos abriga 15 integrantes na Câmara dos Deputados e quatro senadores. Com a incorporação, os tucanos passarão a ter 28 deputados federais e sete senadores.
“É uma tentativa de salvar o partido, mas não tenho certeza de que isso irá ocorrer”, admitiu o deputado federal Beto Pereira, no segundo mandato na Câmara dos Deputados e candidato a prefeito da Capital no ano passado. Ele conta com convites de diversos partidos, como PL, Republicanos e MDB, entre outros.
Na mesma linha avalia o deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB). Até o governador Eduardo Riedel (PSDB) votou a favor da incorporação, mas não dá garantias de que permanecerá no partido.
A senadora Tereza Cristina dá como certo que o governador irá trocar o ninho tucano pelo PP. Já o secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, tem alardeado que Riedel irá seguir o exemplo dos governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e de Raquel Lyra, de Pernambuco, que trocaram o PSDB pelo PSD.
Nem o presidente regional do PSDB, Reinaldo Azambuja, deverá ficar na sigla após a incorporação. Na esperança de ser eleito senador com o apoio dos bolsonaristas, ele está com negociações avançadas com Jair Bolsonaro para se filiar ao PL. Aliás, na última eleição, o PL priorizou os candidatos de Reinaldo na distribuição do fundo eleitoral no Estado.
De acordo com Beto Pereira, a incorporação não vai abrir brecha para que vereadores troquem de partido. Já os deputados estaduais e federais terão a janela para mudar de sigla em março do ano que vem.
Ou seja, o PSDB trocou a fusão pela incorporação para evitar, mas só vai atrasar a debandada. Deputados devem sair em 2026 e vereadores terão a oportunidade de voar em 2028. E o PSDB deve chegar ao fim após 37 anos e comandar a presidência da República por dois mandatos e Mato Grosso do Sul por três gestões consecutivas.