Ex-bolsonarista, a senadora Soraya Thronicke (Podemos) detonou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela afirmou que “pra ser traído pelo Bolsonaro, basta pegar uma senha e entrar na fila”. Eleita com o apoio do capitão em 2018, ela chamou o bolsonarismo de “seita” e acusou o ex-presidente de não ter caráter para combater a corrupção.
As revelações felinas da senadora foram feitas em entrevista ao podcast “Política de Primeira”, do site Primeira Página. Acusada de ter traído o ex-presidente, a advogada sul-mato-grossense vira o jogo e acusa o ex-padrinho político de traição.
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“Ele traiu aqueles que estavam arduamente trabalhando pra montar chapas pra levar o partido adiante. Eu costumo dizer que, pra ser traído pelo Bolsonaro, basta pegar uma senha e entrar na fila. Só que eu tive a coragem de me levantar”, acusou Soraya, que é frequentemente bombardeada pelos ex-aliados.
Na entrevista, a parlamentar minimizou o apoio de Bolsonaro no seu sucesso eleitoral na primeira disputa. Ela foi apontada como a grande zebra das eleições de 2018 ao bater favoritos como o ex-governador Zeca do PT, o senador Waldemir Moka (MDB) e o ex-secretário estadual de Obras, Marcelo Migilioli, na época no PSDB.
“Eu me senti traída já na campanha. Foi a forma como o partido aqui trabalhou e abandonou a nossa chapa, o nosso time. Não trouxe recurso, mas isso a gente esperava. Tive apoio no começo, com alguns vídeos, mas no meio da história, depois da facada, quando Gustavo Bebiano, então presidente do PSL naquele momento, soube dos problemas que estavam acontecendo aqui no estado, da traição do próprio partido aqui, uma questão local, ele se voltou contra a presidência aqui, contra o diretório, e o presidente Bolsonaro não gostou, porque ele simplesmente fez o que tinha que ser feito”, revelou Soraya.
Ela também contestou o discurso do ex-presidente de que foi eleito presidente em 2018 com uma campanha barata e com base apenas no apoio popular. “A campanha do Bolsonaro eles dizem que gastaram pouco, mas na verdade foi uma das campanhas mais caras da história do Brasil, porque as pessoas tiraram do bolso, as pessoas apareciam com adesivo, com camiseta. Era um momento anti-PT, ele surfou também. Eles foram muito inteligentes e tratavam de uma direita que a gente estuda e conhece e que não condiz com os princípios que ele depois não agiu tal qual”, ponderou a senadora.
“Bolsonaro é de direita mesmo? As atitudes dele são atitudes de direita? Porque combate à corrupção não é uma questão ideológica, é uma questão de caráter. Combate à corrupção foi pífio e foi terrível. Mudaram cinco vezes o diretor-geral da Polícia Federal e também ministro da Justiça. Então foram escândalos de corrupção que as pessoas preferem não ver. Eu sou muito pragmática. Vamos falar do que é de direita: nós sempre defendemos o livre mercado, uma economia com menor intervenção”, acusou.
“O Bolsonaro não é nem extrema direita, pra mim é um bolsonarismo. Eu hoje encaro, doa a quem doer, como uma seita. Seita é quando você não pode discordar do líder e no bolsonarismo você não pode discordar, ter opinião, ainda mais uma mulher”, afirmou Soraya, detonando o ex-aliado.
Soraya rompeu oficialmente com Bolsonaro na campanha eleitoral de 2022 quando foi candidata a presidente da República pelo União Brasil.