O diretor de Operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira, afirmou à CPI da Câmara Municipal de Campo Grande que as empresas possuem 97 ônibus com idade acima do permitido no contrato com a prefeitura para prestação de serviço do transporte coletivo da Capital. Além disso, a idade média atual da frota é de oito anos, quando a concessão determina o máximo de cinco anos.
No mês passado, a Prefeitura de Campo Grande determinou que o Consórcio Guaicurus tire de circulação 98 ônibus velhos que estão com idade acima do permitido em contrato. As empresas do transporte coletivo da Capital têm o prazo de 30 dias para trocar os veículos ‘vencidos’, conforme determinação da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos). No entanto, Paulo Oliveira declarou que a decisão ainda cabe recurso e que a compra dos veículos tem trâmite de pelo menos entre 120 dias e 180 dias.
Veja mais:
Nova fase da CPI vai ouvir diretor que assumiu em janeiro e ‘chefão’ do Consórcio Guaicurus
Prefeitura manda Consórcio trocar 98 ônibus velhos e CPI vê fruto do trabalho da comissão
Consórcio Guaicurus teve perda de R$ 377 mi e tarifa deve ter reajuste de 44%, aponta perícia
“Ônibus não é um produto de prateleira. Você tem que comprar o chassi e depois mandar encarroçar. Você não consegue um ônibus aí com menos de, acredito eu, de 120-180 dias”, afirmou o diretor de operações do consórcio. Ele disse que o desequilíbrio financeiro do contrato impede novos investimentos e a renovação da frota.
Paulo Oliveira atribuiu parte dos problemas operacionais enfrentados pelo sistema à precariedade da malha viária da Capital. Segundo ele, os buracos nas vias provocam, por exemplo, danos diretos ao funcionamento dos elevadores de acessibilidade nos ônibus.
“Hoje há dificuldade com o asfalto. Quando um ônibus passa em um buraco, provoca uma torsão. Isso faz com que o elevador pare de funcionar, pois os ajustes são milimétricos. Essa é uma das causas. Todo elevador quando sai da garagem, sai funcionando. O motorista tem que fazer um checklist”, afirmou.
O diretor relatou a transição de lucro de R$ 600 mil em 2022 para um prejuízo de quase R$ 5 milhões em 2023, mesmo com queda moderada no número de passageiros (de R$ 30,5 milhões pagos e R$ 11 milhões de gratuidade em 2022, para R$ 29,5 milhões e R$ 12 milhões em gratuidades no ano de 2023).
E que o transporte público tem perdido passageiros porque estes preferem ganhar tempo e chegar mais cedo em casa, já que os ônibus circulam em velocidade média de 17 km por hora. Atualmente, 417 veículos operam diariamente de segunda a sexta-feira, e, aos fins de semana, ele afirmou que é cerca de 60% da frota que trafega em dias normais.
Outro ponto abordado foi a situação financeira do Consórcio Guaicurus. O diretor alegou que as dificuldades não se limitam à redução no número de passageiros. “O prejuízo do Consórcio não é só em função da queda de passageiros que utilizam o transporte público. O valor da passagem também não é o adequado”, pontuou Paulo Vitor.