Autoridades de saúde de todo o mundo estão em alerta com a disseminação de uma nova variante da Covid-19, identificada como NB.1.8.1 e nomeada de “Nimbus”. A cepa é considerada altamente contagiosa, e foi detectada em diversos países da Ásia, além de partes da Europa e dos Estados Unidos.
Na última semana, a médica Jill Roberts, professora associada da Faculdade de Saúde Pública da Universidade do Sul da Flórida, dos Estados Unidos, emitiu alerta para a nova variante que “assumiu o controle da anterior muito rapidamente”, o que acendeu o sinal de atenção entre pesquisadores. Ainda assim, a OMS (Organização Mundial de Saúde) afirma que não há indícios de que a nova cepa seja mais letal ou provoque quadros mais graves da doença. “O vírus não é mais perigoso do que era antes em alguns aspectos. Não está causando nada inesperado”, reforçou o médico Janko Nikolich, chefe do Departamento de Imunobiologia da Universidade do Arizona e integrante da Global Virus Network.
Veja mais:
Síndrome de Burnout: classificação da OMS entra em vigor no Brasil
Padrões diferentes de sono entre homens e mulheres têm significativo impacto na saúde
Neuroblastoma: famílias compartilham dificuldades no acesso a remédios
A preocupação maior, neste momento, não está nos sintomas causados, mas na capacidade de propagação da variante e na diminuição da imunidade da população com o tempo. “A imunidade contra variantes passadas vai diminuindo, e se não formos vacinados ou infectados novamente, perdemos essa proteção”, alertou Roberts.
Fiocruz identifica sinais de queda de doenças respiratórias em MS
Os médicos reforçam a importância da vacinação, ainda que haja redução dos casos de doenças respiratórias, como é o caso de Mato Grosso do Sul. O mais recente Boletim InfoGripe da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que foi divulgado na quinta-feira, dia 12, aponta que Mato Grosso do Sul está entre os poucos estados brasileiros que apresentam sinais de estabilização ou queda nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. A análise, referente à Semana Epidemiológica 23 (1º a 7 de junho), mostra que, embora a incidência ainda seja considerada alta, o ritmo de crescimento dos casos foi interrompido, especialmente os relacionados ao vírus influenza A.
Neste ano, o Brasil já contabilizou 93.779 notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave, o que representa aumento de 91% em relação ao mesmo período de 2024. A alta é puxada principalmente por estados das regiões Centro-Sul, onde predominam os casos de influenza A e Vírus Sincicial Respiratório, principais responsáveis pelas internações hospitalares por complicações respiratórias.
Segundo o boletim, Mato Grosso do Sul ainda figura entre as unidades da federação com incidência de SRAG em nível de alerta ou risco, mas com um dado positivo: há indícios de início de queda nos registros da doença. Esse cenário é atribuído principalmente à redução de casos provocados pela influenza A. A análise também sugere que a incidência entre idosos começa a recuar no estado, o que pode indicar um ponto de inflexão na curva de contágio.
Apesar disso, a pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e integrante da equipe do InfoGripe, alerta que a situação ainda demanda atenção. “Com uma boa cobertura vacinal, conseguimos diminuir esse número de hospitalizações. Por isso, reforçamos a importância da vacinação contra a gripe, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como idosos e crianças pequenas”, afirmou.
Além da vacinação, Portella recomenda o uso de máscaras em locais fechados e com aglomeração, bem como a adoção da etiqueta respiratória em caso de sintomas gripais, como forma de conter a propagação dos vírus respiratórios.
No cenário nacional, 21 das 27 unidades federativas apresentam crescimento nos casos de SRAG com níveis de alerta ou alto risco, enquanto apenas alguns estados — incluindo Mato Grosso do Sul, Tocantins, Acre, Espírito Santo e o Distrito Federal — mostram tendência de queda ou estabilidade.
Entre os vírus identificados nos exames laboratoriais realizados este ano, o VSR responde por 45,1% dos casos positivos, seguido pela influenza A (24,5%), rinovírus (22,3%) e o Sars-CoV-2, causador da Covid-19 (9,9%). Nas quatro semanas mais recentes analisadas, a influenza A foi responsável por 40% das infecções e 75,4% dos óbitos com confirmação laboratorial para vírus respiratórios.