Albertino Ribeiro – Dos quase 1,7 milhão de empregos criados com carteira assinada em 2024, 98% foram ocupados por pessoas que estão inscritas no Cadastro único. Fazem parte do cadastro único famílias que vivem com apenas meio salário mínimo por pessoa, o que na época chegava a R$ 706,00 (setecentos e seis reais).
O mais interessante é que 75% dessas famílias do Cadastro Único recebem o Bolsa família. Essa informação reforça o que muitas pesquisas já trouxeram ao conhecimento de todos, pessoas que recebem transferência de renda não são preguiçosas, inclusive, muitos que ainda recebem o benefício também trabalham, pois, a renda per capta da sua casa não ultrapassa meio salário mínimo.
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O Bolsa Família nesses casos entra como um complemento de renda. Esta, em certa medida, vai blindar pessoas carentes da insegurança alimentar e até mesmo permitir que elas façam um simples curso de qualificação, por exemplo.
A armadilha da pobreza
O termo armadilha da pobreza foi criado pelos especialistas das ciências sociais; descreve um tipo persistente de pobreza em que a causa e as consequências se reforçam mutuamente, impedindo a mobilidade social.
Uma pessoa pobre, por exemplo, tem maior possibilidade de ficar doente, de não conseguir fazer um simples curso de qualificação e também não tem uma rede de pessoas influentes que possam dar um “empurrãozinho” para arrumar um trabalho, por exemplo. Fala sério, vai? Certamente você deve conhecer alguém que conseguiu um emprego porque teve a ajudinha de alguém influente, não é mesmo? Fique sabendo que pessoas carentes dificilmente têm essa oportunidade.
O Bolsa família consegue deter a retroalimentação da miséria, abrindo, assim, um horizonte de perspectivas para que muitos brasileiros conquistem uma ascensão social.
O pesquisador Gabriel Mariante estudou o efeito do Bolsa Família sobre o mercado de trabalho. Inclusive, sua pesquisa foi premiada como o melhor artigo sobre o mercado de trabalho de 2024 pela Associação Econômica Europeia. “Ela mostra que mães que recebem o Bolsa Família têm maior probabilidade de conseguir um emprego no mercado de trabalho formal, comparado às que não recebem.”
Pesquisas sérias têm mostrado o efeito positivo da transferência de renda para as pessoas não apenas no Brasil, mas em outros lugares do mundo. Na Alemanha, por exemplo, foi realizada uma pesquisa com 122 pessoas que receberam uma renda básica de 1,2 mil euros – um valor muito maior que o Bolsa Família brasileiro.
Essas pessoas foram acompanhadas no médio longo prazo e o resultado foi impressionante, pois a maioria dos beneficiados não se acomodaram, mas conseguiram melhorar de vida, arrumando empregos melhores.
Pois é, leitor, se você não foi preconceituoso e chegou até aqui, você acaba de conhecer uma verdade que está escondida, pois muitas pessoas falam mal daquilo que não conhecem. O pior, é que muitas dessas pessoas, que falam mal das transferências de renda, são formadoras de opinião e contaminam muitas outras. Agora você tem informação para sair dessa bolha e defender algo que pode mudar a vida de muitos brasileiros.