Alvo da 4ª fase da Operação Tromper, o ex-secretário municipal de Saúde de Sidrolândia, Luiz Carlos Alves da Silva, o Pitó, previu que seria alvo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e treinou os “parceiros” de como deveriam prestar depoimento ao Ministério Público Estadual. A investigação mostrou que o seu grupo brigava com os outros pela propina.
A quebra do sigilo das mensagens dos investigados pelos desvios na Prefeitura de Sidrolândia mostra que o grupo comandado por Pitó brigava pela propina com outros esquemas criminosos.
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O MPE pediu a prisão preventiva de Pitó, mas o pedido foi negado pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia. Ele determinou a colocação de tornozeleira eletrônica no ex-secretário de Saúde e o proibiu de manter contato com os demais investigados e de frequentar a prefeitura.
Nas conversas entre Roberta Souza e o chefe do setor de Patrimônio, Douglas dos Santos Silva, a promotoria identificou que havia uma disputa por contratos que seriam usados para desviar dinheiro da prefeitura.
“Do apontado, verifica-se que Douglas atuava em parceria com Roberta em diversas ocasiões para obter ‘dinheiro fácil’ dos cofres públicos, seja por meio de contratações direcionadas envolvendo a empresa Do Carmo, seja pela prestação de serviços superfaturados, como o transporte de passageiros para o município”, apontou o MPE. A empresa foi criada em nome da mãe da servidora, Maria do Carmo de Souza.
“Desde sua concepção, a empresa Do Carmo foi projetada para beneficiar diversos agentes públicos e particulares, incluindo as figuras de alto escalão, como Arielle Cotócio e Pitó, cujas participações no esquema criminoso se evidenciam de forma clara nos registros”, acusou o MPE.
Esposa do vereador Cledinaldo Cotócio, Arielle era secretária municipal de Juventude, Esporte e Lazer de Sidrolândia. Ela também usava a Do Carmo para desviar recursos e pegar dinheiro. Em uma das conversas, Roberta se queixa da ganância da então secretária e chega a comemorar que um dos contratos não deu certo.
Pitó previu visita do Gaeco
O ex-secretário municipal de Saúde previu que seria alvo do Gaeco após a deflagração de três fases da Operação Tromper. “Logo após a operação, ‘Pitó’ orientou servidores municipais sobre como deveriam se portar caso fossem interpelados pelo GAECO, indicando que estava ciente de possíveis irregularidades que poderiam ser descobertas”, apontou o MPE.
“Ele próprio ‘levantou acampamento’, evidenciando sua tentativa de evitar exposição direta às investigações”, destacou sobre o pedido para deixar a secretaria.
“Além disso, conforme relatado por Douglas, ‘Pitó’, tomado por extremo receio de estar entre os alvos do GAECO, não apenas deu instruções diretas sobre o que deveria ser dito em caso de depoimento, mas também designou o Secretário de Saúde, Raphael Anderson de Oliveira Escobar (CPF nº 017.337.211-26), para treiná-lo especificamente para tal eventualidade”, afirmaram as promotoras Bianka Mendes e Daniele Zampieri de Oliveira.
“No mesmo dia, ‘Pitó’ e seu grupo passaram a monitorar as ações do GAECO com o objetivo de antecipar eventuais movimentações que pudessem impactar seus setores e interesses. Essa tentativa de se antecipar às investigações demonstra uma preocupação constante em proteger o esquema e evitar a descoberta de irregularidades”, destacaram.