Após passar anos defendendo a política de juros altos e a independência do Banco Central na era do bolsonarista Roberto Campos Neto, a senadora Tereza Cristina (PP) mudou de lado e passou a atacar a alta na Selic. Em postagem nas redes sociais, ele criticou o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, pelo novo aumento na taxa de juros, que chegou a 15% nesta quarta-feira (18).
“Mais uma dificuldade para o Plano Safra 25/26: os juros bateram em 15%, a quarta elevação na gestão Galípolo e a maior Selic em 20 anos! Já estamos com menos ofertas de LCAs e CRAs, que financiam boa parte do agronegócio”, atacou a ex-ministra da Agricultura na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Veja mais:
Bolsonaristas e petistas derrubam veto de Lula e vão deixar a conta de luz mais cara
Pollon diz que R$ 1 milhão para série em SP visa combater “hegemonia” da esquerda na cultura
Crítico da Lei Rouanet, Pollon envia R$ 1 mi em emenda Pix para série de TV em São Paulo
“O Copom diz que não pode baixar a taxa porque a questão fiscal preocupa e as projeções de inflação a longo prazo estão longe da meta. E agora? Lula vai reclamar do ‘seu’ BC?”, questionou a sul-mato-grossense. Na prática, a bolsonarista se jutna ao petista e passa a criticar a política de manutenção de juros altos no Brasil.
Só que nem sempre Tereza Cristina foi crítica da política de juros altos. Em entrevistas no passado não tão distante, ela defendeu o ex-presidente do BC e ignorava os efeitos da política de juros altos para o agronegócio.
“Campos Neto está preocupado, querendo ajudar o agro. Infelizmente, nós vivemos hoje num mundo em que ou é daqui ou é dali, ou é da direita ou é da esquerda! Não é isso, o Campos Neto é um grande técnico, eu tenho certeza que se ele pudesse baixar os juros, ele baixaria”, afirmou a senadora.
Em outra ocasião, ela detonou Lula por criticar o Banco Central, que teve a autonomia aprovada com o aval dela. “Eu acho que só atrapalha o Brasil. O que é que o Banco Central faz? Não é ele que dita a taxa de juros, ele acaba fazendo isso, mas é a credibilidade que o governo e o mercado creditam às políticas econômicas. O Banco Central cuida da política monetária, então não é só o Banco Central, nós precisamos de todo o conjunto”, pontuou.
“Todos queremos juros baixos. Mas isso não se consegue na marra e nem por decreto. Já cometemos esse erro no Gov Dilma. O resultado foi ruim para o #Brasil. Lula não aceita um Bacen autônomo. Governar é ter resiliência e paciência. Precisamos de harmonia na condução da economia”, afirmou Tereza Cristina no passado, mas porque o presidente do BC era seu aliado.
Agora, que trocou o presidente, a senadora não parece mais preocupada com a harmonia.