Albertino Ribeiro – O relatório Global de riqueza de 2025 do Banco Suíço UBS, mostrou que o Brasil é o país da américa Latina que possui mais milionários, 433 mil, à frente do México que tem 399 mil. No entanto, o país é o mais desigual numa relação de 56 países no mundo, ao lado da Rússia.
O relatório não traz qualquer novidade; esse retrato do Brasil já é conhecido há muito tempo e só vai mudar quando a elite brasileira tomar vergonha na cara e entender que a desigualdade em nosso país não é salutar para ninguém, inclusive, para ela.
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Há muito se fala em tributar a renda dos mais ricos, mas a proposta é sempre refutada pelo Congresso, que não representa o povo, mas representa os interesses de ricos avarentos do nosso país.
O ministro Fernando Hadad tem insistido na proposta de tributar os super ricos, mas o Congresso, que os representa, não aceita de forma alguma, mas prefere que o governo corte o Bolsa Família e demais transferências de renda, que têm sido um freio contra a extrema pobreza, evitando, assim, uma convulsão social.
Taxar os super ricos ou as grandes fortunas não é ideia de comunista, como apregoam muitos. Segundo o economista do IPEA, André Calixto, “a ideia de você tributar grandes fortunas foi construída dentro do pensamento liberal. A ideia é que haja igualdade de oportunidades. “Se você tem famílias que partem de um estoque de riqueza muito elevado em relação às outras, você acaba com a tese da igualdade de oportunidades”.
Pois é, ademais, trata-se de um tributo defendido por ninguém menos que um dos pais do pensamento liberal , Stuart Mill, grande pensador econômico do século XIX. É difícil entender porque no Brasil é tão difícil levar essa proposta adiante, quando diversos países desenvolvidos tributam as grandes fortunas.
Na Suíça, por exemplo, a capacidade de arrecadação do IGF (imposto sobre grandes fortunas) é de 1,2%. Se fizermos uma conta rápida e calcularmos esse 1,2% sobre o PIB brasileiro, o Estado poderia arrecadar, por ano, R$ 132 bilhões, mais de quatro vezes os 31 bilhões que o governo federal vai ter que contingenciar para cumprir o arcabouço fiscal.
Entretanto, infelizmente, na cabeça da elite avarenta, os ricos tem que ser cada vez mais ricos e cabe aos pobres se alimentarem das migalhas que caem de suas fartas mesas.
Há 3 anos escrevi um artigo para o Jornal GGN, um ensaio sobre a teoria do gotejamento, que defende justamente isso, ou seja, cortar tributo dos ricos, esperando que eles façam mais investimentos que iriam beneficiar os mais pobres.
Trata-se de um engodo, pois nunca deu certo em lugar nenhum e o resultado é sempre a mesmo: os ricos avarentos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam alijados do crescimento econômico e presos às mais diversas armadilhas da pobreza.