A CPI do Consórcio Guaicurus na Câmara Municipal de Campo Grande decidiu, em reunião fechada nesta segunda-feira (23), dispensar o empresário Paulo Constantino de prestar depoimento. Com isso, a terceira fase da investigação foi encerrada e o próximo passo será ouvir as reclamações dos usuários, em audiência pública nesta quarta-feira (25), a partir das 13h, no plenário do Legislativo e também na Praça Ary Coelho, no Centro da Capital.
Como o recesso parlamentar tem início no dia 16 de julho, o relatório final com as conclusões das apurações da Comissão Parlamentar de Inquérito deve ser entregue no retorno dos trabalhos, em agosto. As explicações foram dadas pelo presidente da CPI, vereador Lívio Leite (União) e pelo corregedor do grupo, Junior Coringa (MDB), que estiveram acompanhados pelo presidente da Câmara, Epaminondas Vicente Neto, o Papy (PSDB).
Veja mais:
Chefão do Consórcio foge de CPI e presidente diz que Agereg “joga para plateia” ao cobrar ônibus
Em sessão tensa, ex-presidente do Consórcio ataca CPI e diz que não comprará novos ônibus
Ex-funcionários do Consórcio relatam jornadas de 11 horas e condições desumanas de trabalho
Lívio reforçou que não vê necessidade em ouvir o sócio-proprietário do Consórcio Guaicurus, Paulo Constantino, neste momento. O empresário apresentou atestado médico e não apareceu na sessão da última quarta-feira, 18 de junho, quando deveria ter sido ouvido.
“Nesse momento, como a gente tem um programa fechado de execução, a gente não vê, nesse momento, a importância desse depoimento. Havendo a necessidade, a gente vai convocá-lo, mas no primeiro momento, não. Nós não descartamos. Mas o depoimento do diretor Leonardo foi bastante efetivo para tirar algumas dúvidas. Estamos com dados novos fornecidos pelo diretor, então a gente não vê a necessidade de uma convocação eminente”, justificou o presidente da comissão.
Os usuários do transporte coletivo de Campo Grande interessados em apresentar suas queixas sobre as condições dos ônibus e o sistema de locomoção público poderão participar da audiência no plenário Oliva Enciso, na Câmara Municipal, ou na Praça Ary Coelho, por meio de link ao vivo do local, entre às 13h e 17h.
Coringa destacou a importância da comissão ao colocar o transporte público como tema central de debate. “A CPI abriu a discussão sobre o futuro da mobilidade urbana em Campo Grande. Precisamos olhar para o transporte coletivo como olhamos para a saúde, a educação e a segurança. A cidade cresceu, a população aumentou, mas o sistema de ônibus continua sem acompanhar esse ritmo. O que a população quer é tempo, deslocamento mais rápido. É nisso que temos que focar”, avaliou.
Lívio vê resultado do trabalho se refletir na descoberta de falhas da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) e da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e na declaração de diretores do Consórcio Guaicurus.
“Quando o diretor do Consórcio, que ficou dez anos à frente da empresa, admite que a fiscalização aumentou desde a criação da CPI, isso já é um ganho prático. As agências começaram a se movimentar, multas foram aplicadas, e estamos apontando um número expressivo de ônibus velhos que precisam ser trocados. Esse será um dos principais impactos no relatório final”, declarou.
O relatório final ficará a cargo da vereadora Ana Portela (PL), que conta com o auxílio de um escritório jurídico para fazer os levantamentos e análises de contabilidade dos documentos apresentados pela prefeitura e pelo Consórcio Guaicurus, contratado por mais de R$ 100 mil, conforme explicou Papy.
“São milhares de páginas contábeis a serem analisadas para o fechamento do relatório, então nós contratamos um escritório de advocacia e um escritório de contabilidade para auxiliar a CPI nesse relatório final. É um pagamento só, um trabalho que vai ajudar a CPI a fechar o relatório”, afirmou o presidente da Casa.
Papy reforçou que a solução para os problemas encontrados pela CPI passa por um “grande acordo” que envolve deputados estaduais, a bancada federal, e a criação de um fundo de custeio, que possa destinar dinheiro todo mês para o transporte público de Campo Grande.
“Independente de quem é o culpado, independente de quem é o prefeito lá na frente, é um mecanismo novo. Com dinheiro vinculado, é o melhor jeito. Se alguém for prefeito hoje ou amanhã, você tem um recurso garantido com a finalidade específica”, defendeu.