Já foi aprovado nos Estados Unidos um medicamento que pode prevenir certas infecções causadas pelo HIV e que passa, a partir de agora, a também manter o organismo longe do vírus por até seis meses. A empresa fabricante da droga, a Gilead Sciences, anunciou na última semana que uma injeção semestral de lenacapavir foi aprovada nos Estados Unidos para prevenção do HIV sob a marca Yeztugo.
De acordo com a empresa, em ensaios clínicos, constatou-se que a substância reduz de maneira acentuada o risco de infecção e proporciona proteção quase total contra o HIV, significativamente maior do que as opções primárias disponíveis para profilaxia pré-exposição ou PrEP.
As PrEPs são usadas para prevenir infecções por HIV há anos e estão disponíveis no Brasil por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa terapia é uma combinação de medicamentos, enquanto o lenacapavir é uma opção que envolve facilidade no gerenciamento, por ser mais fácil de administrar. “Yeztugo pode ser a opção transformadora de PrEP que esperávamos – oferecendo o potencial de aumentar a adesão e a persistência à PrEP e adicionando uma nova ferramenta poderosa em nossa missão de acabar com a epidemia de HIV”, explicou o médico Carlos del Rio, professor de medicina na Divisão de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade Emory e codiretor do Centro Emory de Pesquisa da Aids, em um comunicado à imprensa.
De acordo com o pesquisador, “uma injeção semestral poderia abordar significativamente barreiras importantes, como adesão e estigma, que indivíduos em regimes de dosagem de PrEP mais frequentes,/especialmente PrEP oral diária, podem enfrentar. Também sabemos que, em pesquisas, muitas pessoas que precisam ou desejam PrEP preferiram doses menos frequentes”.
O HIV é transmitido principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas ou compartilhamento de agulhas e pode levar à condição denominada síndrome da imunodeficiência adquirida, ou Aids.
Ministério da Saúde contabiliza 1 milhão de pessoas vivendo com HIV no Brasil
No Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas vivem com HIV, conforme dados do Ministério da Saúde. Ao menos 770 mil pessoas vivendo com o vírus estão em tratamento antirretroviral e cerca de 73,5 mil utilizam o PrEP. Ainda assim, o país registra cerca de 10 mil mortes ao ano em consequência dos danos causados pelo HIV.
Terapias antirretrovirais ou mesmo as de pré-exposição integram a política do governo brasileiro de prevenção e tratamento do HIV, ou seja, estão integralmente disponíveis pelo SUS. Embora esteja em discussão, o medicamento ainda não está disponível no Brasil devido ao custo, que é considerado elevado.
Em uso nos Estados Unidos, o novo medicamento lenacapavir é 100% eficaz na prevenção do HIV em mulheres. “O lenacapavir é uma opção única para a prevenção do HIV, pois é uma injeção aplicada apenas duas vezes por ano. Assim, as pessoas podem tomá-lo em particular, discretamente, e depois agendar e esquecer, sem precisar pensar nisso até seis meses depois”, disse Baeten. “Para muitas pessoas, essa pode ser uma opção empoderadora e privada que pode tornar a prevenção do HIV viável em suas vidas.”