Começou a valer nesta terça-feira, 1º de julho, a alteração no horário de 22 Unidades de Saúde da Família de Campo Grande, com jornadas de 40 horas, que ficavam abertas até as 19h e agora passam a atender até as 17h. A medida foi publicada na edição do Diário Oficial da Capital (Diogrande) de 25 de junho. A reestruturação ocorre devido à revogação do Programa Saúde na Hora, oficializada em abril do ano passado.
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) justificou que a definição dos novos horários envolveu a participação dos distritos sanitários, conselhos locais e distritais, e que as mudanças foram apresentadas e validadas pelo Conselho Municipal de Saúde. De acordo com a pasta, a alteração foi baseada em estudos técnicos que analisaram a demanda da população e os horários de maior procura por atendimento.
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Em meio a medidas de contenção de gastos, que foram prorrogadas por mais 90 dias, a reorganização das cargas horárias das unidades tem como objetivo a redução de despesas relacionadas ao custeio e à jornada dos servidores. A mudança também pode impactar na demanda por atendimento nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde), que funcionam ininterruptamente 24 horas por dia.
As 74 unidades de atenção primária à saúde passam a funcionar da seguinte forma a partir de hoje:
- 22 unidades com 40h semanais – das 07 às 11h e das 13h às 17h;
- 39 unidades com 50h semanais – das 07 às 17h sem intervalo para almoço;
- 10 unidades com 60h semanais – das 07 às 19h;
- 03 unidades com 80h semanais – das 07 às 11h; das 13h às 23h.
Para você conferir se a unidade de saúde do seu bairro vai mudar o horário de atendimento, clique aqui e confira a escala completa (a partir da página 7).
Crise na saúde
A Prefeitura de Campo Grande publicou, em 26 de abril, um decreto de emergência em saúde pública devido ao aumento expressivo nos casos de síndrome respiratória aguda, que pressionou as unidades de saúde com alta demanda por internações. Em audiência na Câmara de Vereadores, no fim de maio, a secretária de Saúde, Rosana Leite, informou que a Capital tem um déficit crônico de leitos.
“Dos 1.719 leitos existentes na Capital, 1.310 são da saúde complementar. A quantidade de leitos deveria ser maior. A maioria está à disposição na saúde complementar. Há um déficit crônico de leitos. Nossas UPAs e CRSs ocupam o papel de unidades internadoras”, afirmou a secretária.
Além disso, prefeitura e Santa Casa brigam na Justiça para o pagamento de R$ 46,3 milhões ao hospital. Com um déficit mensal de R$ 13 milhões, o maior hospital do Estado chegou a suspender cirurgias eletivas e registrou boletim de ocorrência na polícia para alertar sobre risco de morte e de sequelas em pacientes por falta de materiais, insumos e medicamentos.
O Poder Judiciário chegou a determinar o pagamento, sob pena de sequestro, mas a prefeita Adriane Lopes (PP) recorreu e obteve liminar do desembargador Sérgio Martins para suspender o pagamento. A decisão foi referendada pela turma.
A Santa Casa também entrou na Justiça para cobrar a Prefeitura de Campo Grande pelas internações na ala particular do hospital.