Além de aprovar o novo pacote fiscal da prefeita Adriane Lopes (PP), a Câmara Municipal de Campo Grande contou com uma revelação nesta terça-feira (8). A vereadora Ana Portela (PL) expôs no plenário da Casa de Leis que é casada há 11 anos com outra mulher, o que a torna a primeira parlamentar assumidamente lésbica no Legislativo da Capital. No entanto, ela afirma: “Não sou minoria”.
A revelação ocorreu após o vereador Jean Ferreira (PT) sugerir preconceito da bancada do PL por críticas à cartilha com orientações sobre gestação de homens trans em Mato Grosso do Sul. O documento intitulado “Cuidando com Respeito – Gestação de Homens Trans e Transmasculines” foi elaborado pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat-MS).
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“Desde a semana passada, a cartilha sobre gestação de homens trans está sendo atacada aqui na Câmara Municipal. Acontece que essa cartilha não tem recurso público, então qual o motivo desse estresse com a cartilha? Agora, homens trans existem. E homens trans são pessoas que são identificadas e são registradas no gênero feminino e depois transicionam. E aí se tornam homens trans […]”, explicou o vereador petista, também assumidamente gay.
“E essas pessoas possuem útero, logo elas podem engravidar. Agora, se essas pessoas engravidando elas vão para o sistema público de saúde, elas têm o direito de serem atendidas”, prosseguiu o parlamentar. “Então, o que eu gostaria de entender é qual que é o problema com as pessoas trans? Qual o problema com a comunidade LGBTQIA+? Nós vamos sim discutir população LGBTQIA+. Eu gostaria de entender só qual que é o problema. Porque eu não sei se é tentação, um desejo inrustido, é um ódio, é um preconceito, é o quê?”, indagou o parlamentar, citando o colega André Salineiro (PL), ao fim do discurso.
Ana Portela então saiu em defesa da bancada do PL.
“Todo mundo aqui sabe, todos os nossos colegas sabem, eu sou casada há 11 anos com a Larissa Alves de Souza e eu não sou preconceituosa. Não preciso usar eles como massa de manobra. Antes de eu ser casada com a Larissa, eu sou Ana Portela, sou filha, eu tenho pai, eu tenho mãe, e eu não sou minoria. Não é nós contra eles”, rebateu a vereadora bolsonarista. “Então não vem falar que essa bancada é preconceituosa”.
A filha de Aparecido de Andrade Portela, o Tenente Portela, amigo pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cobrou de Jean projetos para inserir LGBTQIA+ no mercado de trabalho, em vez de tratar essas pessoas sempre como minoria relacionadas a questões identitárias.
Ana Portela foi eleita com 4.577 votos. A estreante da Câmara Municipal de Campo Grande arrecadou R$ 423 mil, sendo R$ 400 mil do Fundo Especial Eleições, o Fundão, repassado pelo partido controlado pelo pai. Ela também foi favorecida por ter aparecido mais na propaganda eleitoral na tevê e ainda contou com dois vídeos gravados de apoio a ela por Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michele.
Além de Portela, Rafael Tavares e André Salineiro completam a bancada do PL na Câmara Municipal.