Virou tradição o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande ser reeleito com mais de um ano de antecedência. Desta vez o beneficiado foi o vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), que garantiu a manutenção do comando do Legislativo até dezembro de 2028. Apesar de uma gestão marcada por gastos controversos e milionários, o tucano teve o apoio de todos os 29 parlamentares da Casa.
Com pouco mais de sete meses no comando da Mesa Diretora, Papy gastou R$ 6,557 milhões a mais em relação ao primeiro semestre de 2024, quando Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), era presidente. Entre as despesas, estão a contratação, sem licitação, do escritório Bastos, Claro e Duailibi Advogados, da advogada Camila Cavalcante Bastos, investigada na Operação Ultima Ratio.
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Camila é filha do desembargador Alexandre Aguiar Bastos, que também foi alvo da operação da Polícia Federal, que apura venda de sentença e corrupção, e segue afastado do cargo no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O escritório da ex-vice-presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) foi contratado por R$ 300 mil.
Apesar disso, a Câmara de Vereadores ainda gasta R$ 1,9 milhão por ano com salários de uma equipe composta por cinco procuradores, sendo quatro efetivos e um comissionado.
Ainda há mais. Papy autorizou a CPI do Consórcio Guaicurus a despender R$ 140 mil em contratos de assessorias especializadas. Foram homologadas, sem licitação, as contratações de serviços contábeis com a empresa Platinum Contabilidades e Gestão Ltda, no valor de R$ 55 mil, e a de serviços jurídicos com o escritório Márcio Sousa Sociedade Individual de Advocacia, por R$ 85 mil.
Conforme o site Midiamax, o aumento nas despesas incluem R$ 1,622 milhão com publicidade, mais R$ 1 milhão com o sistema de digitalização do plenário, e outros três contratos de informática somam R$ 1,770 milhão.
Papy também foi responsável por promulgar a Lei 7.398, que reajustou em 66,77% o subsídio da prefeita Adriane Lopes (PP). Com a medida, o salário dos vereadores aumentou de 37,32% e o valor pago a cada um dos 29 parlamentares salta de R$ 18.991,69 para R$ 26.080,98.
O reajuste do salário dos legisladores foi aprovado na legislatura anterior, mas não pode entrar em vigor porque o teto do funcionalismo público era o salário da prefeita, que estava em R$ 21.263,62.
Virou tradição
Assim como fizeram os antecessores João Rocha (PP) e Carlão (PSB), Papy não esperou o primeiro mandato para conquistar a reeleição à presidência da Câmara, muito longe disso. Ainda restam 18 meses para concluir a atual gestão.
A eleição que definiu a composição da Mesa Diretora para o biênio 2027-2028, que será responsável por conduzir os trabalhos até o fim da atual Legislatura foi realizada nesta quinta-feira, 10 de julho.
Com relação à atual Mesa Diretora, as mudanças foram pontuais. O vereador Dr. Lívio (União), que atualmente ocupa o cargo de 2º vice-presidente, assumirá a 1ª vice-presidência. Já o vereador André Salineiro (PL), atual 1º vice-presidente, será substituído pela vereadora Ana Portela (PL), que ocupará a 2ª vice-presidência.
Os demais membros permanecem nos mesmos cargos: Neto Santos (Republicanos) como 3º vice-presidente; Carlão, Luiza Ribeiro (PT) e Ronilço Guerreiro (Podemos) seguem como 1º, 2º e 3º secretários, respectivamente.
Segundo a Câmara, a decisão de antecipar a eleição partiu dos próprios vereadores, “em um movimento orgânico, autônomo e consciente. O objetivo foi dar legitimidade à continuidade de um trabalho que tem sido reconhecido pela condução democrática, eficiente e comprometida com os interesses da população”.