Albertino Ribeiro – Não se fala em outra coisa nesses últimos dias. Sendo assim, sinto-me forçado a discorrer sobre o tarifaço de Donald Trump ao Brasil. O mundo ainda está aturdido, pois ninguém esperava que o presidente americano, mesmo sendo imaturo e vingativo, fosse chegar tão longe, impondo ao Brasil uma taxa de 50% sobre todos os produtos que o país exporta para o império decadente.
Como uma criança birrenta, Trump ataca Lula e coloca a situação judicial de Jair Bolsonaro como causa para a taxação. Ou seja, o americano interfere na soberania do Brasil, chantageando as autoridades com uma decisão que vai prejudicar não apenas as empresas exportadoras brasileiras, mas todo país.
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Digo isso porque a economia é uma rede onde tudo está interligado; logo, se as empresas brasileiras terão seus lucros afetados, certamente iniciarão uma onda de demissões.
Uma chantagem sem precedente; uma decisão ilegal e fora da racionalidade política e econômica. Quem falou muito bem a respeito foi o economista Paul Krugman – Nobel de economia. Krugman disse que Donald Trump sofreria impeachment se a democracia americana estivesse funcionando minimamente dentro da normalidade.
No entanto, Os EUA estão vivendo um experimento ditatorial em que não se pode discordar do imperador. Qualquer pessoa ou instituição que ouse contrariá-lo é severamente punida; vejam o caso da universidade de Harvard, que está sob artilharia pesada proveniente da casa branca. Cadê a liberdade de expressão e de cátedra?
Contudo, a taxação ao Brasil, embora vergonhosa, traz consigo algo de positivo. Em um momento em que o Congresso e a grande mídia voltam-se contra o Poder Executivo, este ganha a oportunidade de surfar nessa grande onda, pois o ataque americano está unindo o país em torno do governo, e Lula surge como uma figura importante para proteger a soberania do Brasil.
Destarte, além dos bons ventos trazidos pela taxação dos mais ricos, que melhorou a popularidade do governo, a ingerência de Trump sobre o Estado de direito brasileiro, veio acrescentar mais um capital político para o presidente Lula. Ou seja, na verdade, o “tiro saiu pela culatra”.
A oposição criou para si mesma uma armadilha que pode enterrar os planos eleitorais para 2026, inclusive, o nome de Tarcísio de Freitas ficou bem arranhado, o que pode inviabilizá-lo para o próximo pleito.