O parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tentativa de golpe de estado foi classificada como “injustiça” e perseguição política pelos bolsonaristas sul-mato-grossenses. Já os petistas optaram pelo silêncio, com exceção de Camila Jara (PT), que destacou o fato histórico de que pela primeira um ex-presidente pode ser condenado por atentar contra a democracia, e Pedro Kemp (PT).
Os neobolsonaristas, como o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), pode assumir o comando do PL em Mato Grosso do Sul, e outros mais estrelados, como a senadora Tereza Cristina (PP), ignoraram a denúncia e não postaram nenhuma manifestação de solidariedade a Bolsonaro.
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“É uma grande injustiça o que está acontecendo com Bolsonaro. E não se trata apenas dele. Não é sobre protecionismo ou bolsonarismo. É sobre JUSTIÇA, LIBERDADE E O RUMO DO NOSSO PAÍS”, lamentou o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB), que mantém a fidelidade apesar de ter sido abandonado pelo ex-presidente.
“Vivemos tempos em que posições políticas estão sendo tratadas como crime. Isso é perigoso demais para todos nós. Respeito nossas instituições, mas lamento profundamente a condução política que tem sido dada a muitos processos. Chamar de golpe um episódio sem armas, sem tanques e com o presidente fora do país é absurdo. Golpe não se faz com patriotas cantando o hino. Isso não é justiça. É perseguição política”, destacou o bolsonarista.
Na mesma linha seguiu o deputado federal Rodolfo Nogueira, o Gordinho do Bolsonaro (PL). Ele afirmou que golpe é tirar da eleição de 2026 o maior líder da direita do País. Na opinião do parlamentar, é mais ou menos o que ocorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, quando foi preso pelo então juiz Sergio Moro para não disputar o pleito vencido por Bolsonaro.
“A Procuradoria-Geral da República decidiu ignorar um escândalo bilionário no INSS, envolvendo o ex-ministro de Lula, Carlos Lupi, e arquivou a investigação”, postou o deputado estadual João Henrique Catan (PL), que usou uma mentira para defender Bolsonaro. O desvios do INSS continuam sendo investigados pela Polícia Federal e ainda não chegaram no Ministério Público Federal.
“Agora, essa mesma PGR quer condenar Bolsonaro a 43 anos de prisão por um ‘golpe’ que nunca existiu — sem armas, sem ordem, sem qualquer prova real. Enquanto o governo Lula é cercado por corrupção e escândalos cada vez maiores, a perseguição política contra Bolsonaro e a oposição só aumenta. Eles podem tentar manipular os fatos, mas no fim das contas, a verdade sempre vem à tona”, acusou o deputado.
Feito histórico
Entre os petistas sul-mato-grossenses, os comentários foram exceções. “A PGR afirma que o ex-presidente sabia da existência e deu aval à chamada ‘minuta do golpe’. O decreto trazia medidas para implementar um golpe de Estado no país e impedir que o presidente Lula, vencedor da disputa de 2022, assumisse o cargo”, destacou Camila, destacando trecho da denúncia.
“Segundo a PGR, Bolsonaro também tinha conhecimento do plano ‘Punhal Verde e Amarelo’, para m4t4r Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. As defesas terão 15 dias para apresentar argumentos e provas antes do julgamento. Somente ao final do julgamento é que Bolsonaro e os demais réus podem ser condenados”, postou.
A deputada destacou que nunca na história do Brasil um ex-presidente foi condenado por articular um golpe de Estado e atentar contra a democracia.
Já Kemp aproveitou para destacar a notícia e recomendar o documentário “Apocalipse nos Trópicos”, da Netflix, sobre o crescimento dos evangélicos no Brasil. “Agora que Bolsonaro e sua quadrilha estão para ser condenados, assistam “Apocalipse nos Trópicos”, da Netflix, recomendo muito”, postou o deputado estadual.