
Os bolsonaristas raiz indignados com a filiação do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ao PL podem perder o apoio de Jair Bolsonaro (PL) caso deixem a sigla. Como a prioridade é eleger a maior bancada de senadores, o ex-presidente não vai titubear em apoiar os novos aliados, que deverão trocar o PSDB pelo PL, como os deputados estaduais Mara Caseiro e Zé Teixeira e o deputado federal Beto Pereira.
Nos bastidores, o deputado estadual João Henrique Catan e o deputado federal Marcos Pollon são os mais indignados com a filiação de Reinaldo. Eles fazem forte oposição a gestão do PSDB. O segundo ameaçou, inclusive, cortar as b. caso fosse obrigado a apoiar um tucano nas eleições do ano passado.
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João Henrique e Pollon fazem parte do grupo bolsonarista raiz que se diz indignado com a corrupção. Reinaldo foi acusado pela Procuradoria-Geral da República de receber R$ 67,7 milhões em propina da JBS e denunciado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
No caso de filiação de Reinaldo ao PL, que poderá ocorrer em meados do próximo mês, os bolsonaristas, inclusive os vereadores Rafael Tavares e André Salineiro, vão ficar em verdadeira sinuca de bico. Só que os vereadores não podem deixar a legenda porque correrão o risco de perder o mandato por infidelidade partidária.
Já Pollon e João Henrique terão a janela partidária. O primeiro estaria até negociando com o Novo para ser candidato a governador ou senador em 2026. O segundo faz mistério sobre o futuro e evita falar sobre a filiação de Reinaldo.
“Quem sair do partido terá dificuldade com Bolsonaro. Ele vai pedir pra que ninguém saia. Quem resolver sair”, diz uma fonte que tem contato frequente com Bolsonaro e com a cúpula do PL.
“Eles estão fazendo jogo que não querem ficar com o Reinaldo, porém se saírem, não se reelegem. E ainda se abandonarem Bolsonaro vão ficar como traíras”, comentou o liberal, que tem acompanhado os bastidores da filiação do ex-governador.
Bolsonaro tem pedido aos amigos e aliados no Estado para ajudar na filiação de Reinaldo Azambuja. “Ele não quer correr risco de perder vaga para o Senado aqui no Estado. É ponto de honra ao PL ter maioria no Senado em 2027. E no entendimento da cúpula quem jogar contra isso vai se desvalorizar”, conta o político.
Bolsonaro e a cúpula do PL tratam como obsessão eleger a maior bancada no Senado para se vingar do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que vem comandando o julgamento dos atos golpistas de 8 de janeiro e trabalha para contender o ex-presidente pelo atentado contra a democracia.
O ex-presidente já trocou os aliados pelos tucanos na eleição do ano passado. A prefeita Adriane Lopes (PP), que chegou a levar a família para uma manifestação de Bolsonaro em São Paulo, foi trocada na reta final pela candidatura a prefeito de Beto Pereira (PSDB), que nunca havia defendido Bolsonaro.
Em Dourados, Gianni Nogueira (PL), mulher do deputado federal Rodolfo Nogueira, foi rifada da disputa e obrigada a ser candidata a vice-prefeita de Marçal Filho (PSDB). No próximo ano, ela pode ser sacrificada novamente para garantir a eleição de Reinaldo para o Senado, como vem sendo costurado pelo ex-presidente. O projeto é ter um candidato do PL, no caso Azambuja, e outro de um partido aliado, provavelmente Nelsinho Trad (PSD) ou um nome indicado pela senadora Tereza Cristina (PP).