A ida do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para o comando do PL em Mato Grosso do Sul tem feito bolsonaristas raiz, que utilizam o combate ao sistema político tradicional e à esquerda como principais bandeiras políticas, fazerem um verdadeiro exercício retórico para justificar o novo manda chuva do partido. O imbróglio começou nas eleições municipais de 2024 e vai se estender ao pleito de 2026.
A última vítima dessa manobra foi o vereador Rafael Tavares (PL). Chamado de “surfista político”, o parlamentar de Campo Grande foi lembrado do passado em que defendia o impeachment de Reinaldo e atacava o então governador pela acusação de ter recebido R$ 67 milhões de propina da JBS, revelado pela Operação Vostok, da Polícia Federal. O bolsonarista agora tem de ‘engolir o sapo’ e aceitar o tucano como futuro comandante do PL.
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Quem melhor representou o desgosto que os bolsonaristas têm pelo PSDB foi o deputado federal Marcos Pollon (PL). Diante do arranjo que fez Jair Bolsonaro (PL) apoiar a candidatura de Beto Pereira (PSDB) a prefeito da Capital, no ano passado, o então presidente regional do PL declarou que preferia cortar um pedaço de suas partes íntimas a votar em um tucano.
Na cabeça dos apoiadores mais fiéis de Bolsonaro, o PSDB é um partido de esquerda, o que o coloca ao lado do PT, sigla que amam odiar. Reinaldo Azambuja é cotado para ser o candidato a “senador do Bolsonaro” nas eleições de 2026.
Os vereadores André Salineiro e Ana Portela, ambos do PL, já foram alvo de provocações do colega Jean Ferreira (PT) devido ao arranjo envolvendo Reinaldo Azambuja. O debate descambou para outros assuntos e culminou na briga entre Salineiro e um economista que acompanhava a sessão na Câmara.
Quando teve o mandato de deputado estadual cassado, Rafael Tavares afirmou ser vítima do sistema que controla a política sul-mato-grossense, que tem o ninho tucano como o grupo mais poderoso no Estado, graças ao comando do Parque dos Poderes e da maioria das prefeituras e legislativos.
Tavares tem adotado o silêncio como estratégia, mas não aguentou ter sido confrontado com o passado de enfrentamento contra Reinaldo. A saída encontrada para se justificar foi colocar a responsabilidade da manobra em Jair Bolsonaro, a quem segue sem questionamentos.
“Não tenho poder para decidir quem entra no partido, isso é decisão de Brasília com aval do Bolsonaro. Eu faço minha parte na câmara de vereadores com mais de 4 mil indicações de melhorias para a cidade (líder entre os 29 vereadores) apresentei mais de 20 projetos de leis e continuo na posição da direita que sempre estive”, publicou em um grupo de WhatsApp.
“Quem vier para o PL terá que se adequar as nossas pautas, é isso o Presidente Bolsonaro exige em busca de fortalecer o partido”, finalizou.
Atualmente, os seguidores de Jair Bolsonaro em MS estão concentrados em organizar buzinaços, motociatas e manifestações contra o Supremo Tribunal Federal e contra o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), previstas para ocorrerem em Campo Grande e Dourados, em 3 de agosto.