Um movimento para mudar a estátua de Manoel de Barros, maior poeta de Mato Grosso do Sul, causa polêmica e controvérsias. O jornalista Rogério Alexandre Zanetti, um dos líderes da mobilização, classifica o atual lugar, no canteiro da Avenida Afonso Pena na esquina com a Rua Rui Barbosa, no Centro, como “horrível, sujo e sem iluminação adequada.
Já o ex-secretário estadual de Cultura, Athayde Nery, é radicalmente contra porque o local foi escolhido por Ique, artista responsável pela obra de arte e amigo de longa data do poeta. Ele destacou que a estátua fica no coração da Capital, em via de bastante movimento e de passagem de estudantes.
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“Faz tempo digo, por favor, tirem o Manuel de Barros daquele lugar horrível, sujo… ele merece estar onde as pessoas o acessam, com iluminação adequada, painéis com sua biografia e alguns de seus poemas. Pois é, aconteceu, nem ele aguentou ficar naquela esquina horrível e vazou”, postou Zanetti, que fez um vídeo com ajuda de inteligência artificial do poeta levantando e indo embora.
“Mudar, com certeza. Ela foi colocada num lugar exatamente oposto ao do que o nosso poeta gostava, que era de natureza, de verde, de pássaros e de silêncio. O local que escolheram chega a se um desrespeito a sua memória. A quem, afinal, essa estátua quis homenagear?”, questiona a cronista, poeta e amiga do escritor, Sylvia Cesco.
“Pensei que fosse ao Manoel de Barros… No entanto, me parece que me enganei. Não consigo visualizar alguém que nunca foi urbano, sendo preso ad eternum a um cenário quase caótico, cheio de carros e ônibus lotados, em meio a fumaças, barulhos de motos, buzinas…”, pontuou.
O escritor André Alvez defende o debate sobre o assunto, mas se arrisca a afirmar que o lugar não é o ideal. “Entendo que o local não deu certo e a mudança, o ideal seria no calçadão, em frente ao bar do Zé, seria muito melhor que o atual”, propõe.
Zanetti vai na mesma linha ao propor que seja o Calçadão da Barão, o Parque das Nações Indígenas, Orla Ferroviária ou o prédio restaurado da Morada dos Baís. “Então, pode ser na esquina da 15 com 14, perto de onde viveu”, sugere.
“Há uns dois anos, fizemos uma sugestão de se levar a estátua no local onde seria (não sei se já foi) inaugurada a Avenida do Poeta, lá pro lado do Parque dos Poderes, onde não falta, inclusive, o canto dos pássaros. Mas, existem outros lugares, claro. O importante é que se respeitasse ao máximo a alma lúdica e telúrica do nosso Poeta Maior”, defende Sylvia.
Athayde Nery insiste que o local é o ideal. Ele lembra que a proposta inicial era colocar do outro lado da Rui Barbosa, mas houve veto do instituto. Na época, a Energisa até se propôs a colocar uma iluminação especial. Houve até decisão da Justiça que adiou a inauguração da estátua.
A polêmica segue.