Apesar da grave crise financeira da Capital, com falta de remédios nos postos de saúde e suspensão do serviço de tapa buracos por falta de pagamento, Adriane Lopes (PP) reajustou em 24,9% o contrato com o Consórcio Pantanal Engenharia. O aumento de R$ 3,1 milhões no contrato contempla a empresa Objetiva Projetos e Serviços, de Minas Gerais, do empresário Raphael Eduardo de Melo e Silva, do Avante, partido que apoiou a reeleição da atual prefeita.
De acordo com o extrato assinado pelo secretário-adjunto municipal de Infraestrutura, Paulo Eduardo Cançado Soares, publicado no Diário Oficial de Campo Grande desta sexta-feira (1º), o valor do contrato passa de R$ 12,461 milhões para R$ 15,568 milhões.
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O reajuste ocorreu pouco mais de sete meses, já que o consórcio foi contratado em 6 de dezembro do ano passado. O grupo venceu a licitação para elaborar projetos executivos de obras e serviços de engenharia, edificação e infraestrutura urbana.
Criada há 12 anos, em 2013, a Objetiva pertence a Raphael Eduardo. No ano passado, ele foi candidato a vice-prefeito de Brumadinho pelo Avante. O partido é o mesmo da vice-prefeita e secretária municipal de Assistência Social, Camilla Nascimento Oliveira. Já na cidade mineira, a sigla, que teve o apoio do Progressistas, mesmo partido de Adriane, não teve a mesma sorte e ficou em 2º lugar.
O aumento chama a atenção porque a Capital está sob decreto de corte de gastos desde março deste ano, quando Adriane determinou a revisão de todos os contratos e redução de 30%. Os servidores municipais emendaram o 3º ano consecutivo sem reajuste linear porque a prefeitura está no negativo.
No entanto, com exceção do Consórcio Pantanal Engenharia e a prefeita, a vice-prefeita e os secretários, que tiveram os salários reajustados em até 159%, não existe dinheiro para o resto. Na quinta-feira, a TV Morena falou sobre a falta de 44 tipos de medicamentos nos postos de saúde.
Aliás, a falta de medicamentos nas unidades de saúde permeou toda a campanha eleitoral. Na época, Adriane afirmou que o problema ocorreu devido a sabotagem feita por um servidor, que teria sido demitido e estava na campanha da adversária, Rose Modesto (União Brasil). A campanha acabou quase há um ano e o problema continua castigando, principalmente, a população mais pobre que não possui dinheiro para comprar medicamentos.
Nesta semana, Adriane Lopes voltou a falar da crise e apontou a redução no orçamento para a cultura e saúde. Pelo ritmo, a crise de três anos e deve continuar castigando o município até o fim de 2028.