Após o governador Eduardo Riedel (PSDB) criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal, que decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o PT decidiu entregar os cargos e deixar o Governo tucano. O anúncio foi feito pelo presidente regional do partido e pré-candidato ao Senado, Vander Loubet.
Nesta terça-feira, a caminho da Ásia, Riedel publicou nas redes sociais uma crítica ao ministro Alexandre de Moraes, que classificou como “excesso judicial” e acusou o magistrado de escalar a tensão política no País.
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A decisão foi a gota d’água na aliança entre o tucano e os petistas. O PT já não tinha gostado quando o governador se manifestou a favor da anistia do 8 de janeiro em alguns casos específicos.
Vander avaliou que houve agressão à democracia e respaldo ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifa de 50% aos produtos brasileiros, prejudicando as exportações e os empregos, em troca da anistia a Bolsonaro.
“No segundo turno das eleições de 2022, fizemos um acordo publicamente assumido para apoiar Riedel, por considerá-lo de vertente da centro-direita arejada, sensata, democrática. Entramos no governo pela porta da frente, que é também a porta de saída quando as diferenças entre quem está dentro da mesma casa se tornam inconciliáveis”, afirmou.
Nesta quarta-feira, na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Pedro Kemp, que também é o presidente municipal do PT na Capital, defendeu o rompimento com a gestão tucana. Ele voltou a defender que Bolsonaro deve ser preso e condenado pelos crimes contra a democracia.
Com a decisão, o PT pavimenta candidatura própria ao Governo em 2026. O mais cotado para a missão é o ex-deputado federal e ex-presidente da OAB/MS, Fábio Trad (sem partido). O projeto conta com o aval do ex-prefeito da Capital e atual vereador, Marquinhos Trad (PDT).
“Demos ao governo a nossa contribuição, atuando e melhorando o desempenho das políticas de fomento à agricultura familiar. E até em Campo Grande, uma gestão de direita, o governo Lula está presente, com 95% dos investimentos que a cidade tem”, pontua.
Loubet quer ampliar a federação que hoje tem PT, PCdoB e PV, trazendo o PDT, o PSB, o MDB e outras forças dispostas a fazer o enfrentamento do fascismo e lutar pela soberania. “O Fábio está conversando. Vamos continuar as conversas com a Simone (Tebet, atual ministra do Planejamento). O PDT, do Marquinhos, já se reúne com a gente. Vamos falar com o deputado Paulo Duarte, o PSB é muito importante”, revelou.
De acordo com Vander Loubet, é possível que a chapa majoritária desta frente tenha duas candidaturas ao Senado, a dele e a da ministra Simone Tebet, que também é cotada para vice de Lula.
“O que importa, acima de tudo, é o Partido dos Trabalhadores não ser dono da verdade, mas cumprir sua parte, colocar a força da sua militância e o ideal de seu programa a serviço da democracia, da soberania brasileira e do combate à fome e às injustiças. Não seguiremos de mãos dadas com quem sabota o próprio país e abastece a violência invasiva de governos estrangeiros”, frisou.