Um contundente pedido de socorro foi postado pelo Camev/UFMS (Centro Acadêmico de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em rede social.
“Nós, do Centro Acadêmico, temos como principal objetivo dar voz aos alunos do curso de graduação e pós-graduação, mas como podemos fazer isso se os alunos estão mortos? No último ano, trouxeram até nós doze tentativas de suicídio. E no último semestre, trouxeram até nós o caixão de uma colega. Em cinco anos de existência, nós podemos precisamente apontar todas as vezes que falamos e não fomos ouvidos, que suplicamos e não fomos atendidos, que alertamos e fomos ignorados”.
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O relato prossegue detalhando que em dezembro de 2024 foi enviado e-mail ao Gabinete da Reitoria da UFMS alertando sobre a possibilidade de que vidas fossem perdidas.
“E se, por uma falta de cuidado ao analisar a demanda dos estudantes, que estão dizendo há anos que a grade precisa ser flexibilizada para que possa se dar prosseguimento ao curso, vidas fossem de fatos perdidas?”.
O texto continua e informa que uma acadêmica se matou em junho deste ano. “E ontem mais uma tentativa de suicídio é testemunhada”.
De acordo com a publicação, o projeto pedagógico do curso de Medicina Veterinária da UFMS é um sistema inflexível de pré-requisitos, onde reprovar em uma disciplina significa ganhar um ano há mais na universidade.
“Não há, na Universidade, nenhum impeditivo através de normativas para a flexibilização de um pré-requisito presente em um Projeto Pedagógico, seja na Medicina Veterinária ou em qualquer outro curso. E aí que nós nos perguntamos: Se não há um impeditivo previsto na normativa, então qual é o impedimento para matricular os alunos nas disciplinas que eles solicitam?”.
Os alunos relatam que o um ano a mais pode virar dois, três, quatro anos. Tempo que poderia ser dedicado a trabalho, pesquisa e planos pessoais. O centro acadêmico pede a revisão do projeto pedagógico do curso, flexibilização dos pré-requisitos da grade curricular, horas de extensão, atividades complementares, projetos e humanidade. “Nenhuma Universidade vale uma vida”.
A postagem teve mais de 2.230 curtidas e 42 comentários. O Caodo (Centro Acadêmico de Odontologia) e Catur (Centro Acadêmico de Turismo) prestaram apoio. Mãe de estudante elogiou a iniciativa, enquanto médico veterinário perguntou como pode ajudar os futuros colegas.
“Eu sou mãe de ex-aluna da Medicina Veterinária da UFMS e testemunha da deterioração da saúde mental nos meses em que ela esteve lá. Desejo sucesso e sorte para todos e espero que esta realidade mude rapidamente”.
O Jacaré procurou a assessoria da reitora Camila Itavo, da UFMS, mas não houve retorno até o momento.
Procure ajuda, não fique sozinho
Em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta apoio emocional gratuito a pessoas em crise por meio de atendimento telefônico pelo número 0800 750 5554. Ligue sempre que precisar! O horário de funcionamento é das 7h às 23h, inclusive sábados, domingos e feriados.
Vítimas de depressão e demais transtornos psicológicos podem também buscar ajuda em escolas-clínicas de Psicologia, no Núcleo de Saúde Mental, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou pelos telefones 141 e 188 CVV (Centro de Valorização da Vida), 190 da PM e 193 dos Bombeiros, que ajudam pacientes a romper o silêncio.