Prestes a assumir o comando do PL, o ex-governador Reinaldo Azambuja desceu do muro e, de olho no voto dos bolsonaristas, passou a assumir publicamente a defesa do ex-presidente. “Se o presidente Bolsonaro puder ser candidato, ele é o nosso candidato”, afirmou e repetiu na semana passada.
Presidente estadual do PSDB, Reinaldo vai deixar o ninho tucano após três décadas e de uma carreira exitosa na política como prefeito de Maracaju e governador do Estado por dois mandatos, deputado estadual e deputado federal.
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O presidente estadual do PL e suplente de senador, Aparecido Andrade Portela, o Tenente Portela, prevê que o tucano se filia ao partido até o dia 20 deste mês. O convite ocorreu há mais de um ano, em junho do ano passado, quando Bolsonaro decidiu abandonar a prefeita Adriane Lopes (PP) e anunciou ao candidato do PSDB a prefeito da Capital, Beto Pereira.
O apoio do ex-presidente não foi suficiente e o tucano ficou fora do segundo turno. Bolsonaro decidiu apoiar Adriane no 2º turno, mas Reinaldo optou pela ex-superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Rose Modesto (União Brasil). O ex-governador acabou acumulando dois derrotas em um ano.
Após bater o martelo e optar pelo PL, Reinaldo deixou o silêncio de lado e passou a semana defendendo Bolsonaro. “Nossa primeira opção para disputar a eleição presidencial é Jair Bolsonaro. Ele é o maior líder da direita brasileira e é o candidato natural. Ele não tem condenação. O Lula estava preso e virou candidato. Tudo pode acontecer!”, afirmou, sobre o fato do ex-presidente, em prisão domiciliar, estar inelegível até 2030.
A estratégia é repetir a estratégia vitoriosa de Soraya Thronicke (Podemos) em 2018. Desconhecida e sem qualquer traquejo político, ela saiu vitoriosa como a “senadora de Bolsonaro”. Reinaldo quer roubar o apoio do ex-presidente, que já se lançou a vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira (PL), e ser o “senador do Bolsonaro” em 2026.
Propina da JBS e Operação Vostok
“Mais do que nunca a direita brasileira precisa se organizar e trabalhar unida para retornar à presidência da República, constituir uma maioria forte no Congresso Nacional e colocar o país no rumo da ordem e do progresso. Resista, presidente Bolsonaro, o Brasil está contigo!”, afirmou o tucano, em outra postagem.
Reinaldo criticou a prisão de Bolsonaro e defendeu a anistia ao ex-presidente. O ex-governador afirmou que o ex-presidente é vítima de injustiça. “Ele está sendo extremamente injustiçado. É o pensamento que tenho”, afirmou.
Em seguida, o tucano se comparou a Bolsonaro. “Eu já sofri algumas injustiças também e acho que o presidente está sendo injustiçado”, reforçou. Reinaldo Azambuja não citou, mas ele foi alvo da Operação Vostok em setembro de 2018. A Polícia Federal concluiu que ele recebeu R$ 67,7 milhões em propina da JBS em troca de incentivos fiscais que causaram prejuízos de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais.
O filho do tucano, o advogado Rodrigo Souza e Silva, chegou a ficar preso por cinco dias na ocasião. Ele e o pai foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no dia 15 de outubro de 2020. Após cinco anos, a denúncia saiu do STJ e veio para a 2ª Vara Criminal de Campo Grande. Agora, deve voltar ao STJ, mas ninguém ao menos nem decidiu se recebe ou rejeita a denúncia contra Reinaldo.
Líder das pesquisas, ele conta com o apoio dos bolsonaristas para chegar ao Senado e garantir um mandato de oito anos.