O deputado federal Rodolfo Nogueira, o Gordinho do Bolsonaro (PL), é acusado de ameaçar uma empresária de Brasília para evitar a divulgação de golpe de R$ 24 mil aplicado pelo chefe de gabineto, Babington dos Santos, o Bob. A Polícia Civil do Distrito Federal deve abrir dois inquéritos para tentar desvendar o mais novo escândalo envolvendo o parlamentar, um dos coordenadores da mobilização nacional em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em nota à imprensa, Nogueira negou a ameaça contra a fonoaudióloga e empresária Larissa Carvalho de Oliveira Martins. No entanto, ele acabou afastando o assessor após a repercussão do caso na imprensa. “Em respeito as pessoas que foram lesadas, o servidor ficará afastado até que se concluam as investigações”, informou, por meio da assessoria de imprensa.
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O escândalo não poderia surgir em pior momento para Rodolfo Nogueira, que é um dos coordenadores da frente em defesa de Bolsonaro, em prisão domiciliar desde o dia 4 deste mês, junto com o catarinense Zé Trovão (PL). Eles organizaram o Reaja Brasil, que ocorreu no dia 3 deste mês, e estão planejando a manifestação prevista para 7 de setembro.
Golpe e ameaças
A história começou quando Larissa foi procurada por Bob para trocar reais por dólares para o empresário Ernani Parcionik. Este nome é de um renomado empresário da área náutica. “É um amigo nosso, muito conhecido, muito bem estruturado em todo o Brasil, de direita. Ele quem faz o Boat Show, uma feira de barcos, lanchas e iates”, disse Bob, conforme mensagens divulgadas pelo Correio do Estado.
O milionário estava com medo das consequências do tarifaço do presidente Donald Trump – coincidentemente, defendido por Nogueira como estratégia para enfraquecer o Governo Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Nem um ótimo autor de ficção teria enredo genial. O chefe de gabinete do mais bolsonarista dos deputados procurando ajuda para ajudar “amigo de direita” a trocar dólares por causa dos efeitos do tarifaço.
“Fui procurada pelo Sr. Babington dos Santos, conhecido como Bob, assessor do deputado federal pelo Mato Grosso do Sul, Rodolfo Nogueira, dizendo que tinha um amigo chamado Ernani Parcionik, que era um empresário muito renomado e bem-quisto, e que queria fazer uma transação financeira. Essa transação seria a troca de uns dólares em reais, pois ele estava com medo do tarifaço e precisava de reais”, informou Larissa à Polícia.
Ernani Parcionik pegou o dinheiro e enviou um recibo falso para a empresária. Larissa passou a cobrar Bog, que teria desconversado. Ao suspeitar que tinha caído em um golpe, ela registrou o caso na Polícia Civil do DF. Rodolfo não ficou furioso com o assessor, mas com a vítima.
No sábado, conforme relato feito por Larissa à Polícia Civil, ele ligou ameaçando a mulher. “O deputado federal Rodolfo Nogueira telefonou afirmando que era do setor agropecuário, que possuía grande influência e recursos financeiros, e que acionaria seus advogados contra a vítima caso fosse divulgada a informação de que a pessoa envolvida no golpe financeiro é seu chefe de gabinete em Brasília”, relatou a PC de Brasília.
O deputado federal negou a acusação. “Portanto, é absolutamente falso afirmar que ameacei, intimidei ou constrangi qualquer pessoa. Tais alegações carecem de qualquer fundamento fático ou jurídico e configuram ataque direto à minha honra, à minha imagem e à credibilidade do meu mandato”, reagiu Nogueira, em nota à imprensa.
“Ao contrário, é justamente em razão da minha posição política que venho sendo alvo de intimidações e represálias públicas, inclusive por meio de distorções e ataques midiáticos, que buscam enfraquecer a minha atuação parlamentar”, acusou o deputado.
Rodolfo Nogueira acaba repetindo o mesmo script de outros colegas bolsonaristas. O colega de bancada no Estado, Marcos Pollon (PL), gravou vídeo dizendo que era autista e não estava entendendo nada do que estava acontecendo durante o motim na Câmara dos Deputados.
No início da semana, Rodolfo ganhou os holofotes ao acusar a deputada Camila Jara (PT) de ter “dado um soco no saco” do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), de Minas Gerais. Ele deu entrevista defendendo a cassação da petista por quebra de decoro.
Diante da repercussão do seu vídeo, ele gravou um outro acusando a mídia de propagar mentiras e de que nunca disse usaria o aspecto autista para justificar seus atos.
Confira na íntegra a nota de Rodolfo Nogueira:
“NOTA OFICIAL
Em relação às recentes acusações veiculadas pela imprensa, venho a público esclarecer que sou, na verdade, VÍTIMA de difamação e coação, e não autor de qualquer conduta ilícita.
Uma senhora identificada como Larissa, a quem não conheço pessoalmente e com quem nunca mantive contato telefônico ou presencial, afirma ter sido vítima de um golpe. A partir disso, passou a publicar mensagens difamatórias contra mim em grupos de WhatsApp, envolvendo o nome do meu assessor e tentando, de forma totalmente infundada, relacionar o meu nome ao ocorrido.
Não satisfeita, a referida senhora buscou amplificar a falsa narrativa, acionando diversos meios de comunicação do Estado, numa conduta que extrapola a simples manifestação e caracteriza nítida tentativa de me intimidar e manchar a minha reputação pública.
Diante dessa ofensiva, recebi uma ligação do esposo da senhora Larissa. Na conversa, informei de maneira expressa que a ligação estava sendo gravada. Durante o diálogo, o próprio senhor admitiu e confirmou que eu não tinha qualquer participação ou culpa no fato que motivou as acusações. Reforcei, ainda, que caso continuassem com atos de difamação e coação, tomaria todas as medidas judiciais cabíveis, como é meu direito.
Portanto, é absolutamente falso afirmar que ameacei, intimidei ou constrangi qualquer pessoa. Tais alegações carecem de qualquer fundamento fático ou jurídico e configuram ataque direto à minha honra, à minha imagem e à credibilidade do meu mandato.
Ao contrário, é justamente em razão da minha posição política que venho sendo alvo de intimidações e represálias públicas, inclusive por meio de distorções e ataques midiáticos, que buscam enfraquecer a minha atuação parlamentar.
Reafirmo que o compromisso do meu trabalho é, e sempre será, pautado na legalidade, na ética e no respeito às leis e às pessoas. Confio plenamente que a verdade será restabelecida e que a Justiça esclarecerá todos os fatos, responsabilizando aqueles que, por interesses próprios, tentam difamar e coagir agentes públicos de forma criminosa.”