Pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência, divulgada em meio às comemorações dos 126 anos de Campo Grande, mostra que a prefeita Adriane Lopes (PP) vai ter de se esforçar bastante para não encerrar este mandato como a chefe do Executivo mais impopular da história da Capital. Por outro lado, André Puccinelli (MDB) é considerado o melhor gestor que já comandou o Paço Municipal.
A insatisfação com Adriane tem ficado notória a cada nova pesquisa do Instituto Ranking, e não tem sido diferente neste mês. Os que consideram a gestão da pepista como ruim ou péssima subiu um ponto percentual em relação ao início do mês, chegando a 56%. Apenas 25% dos campo-grandenses avaliam a administração progressista como boa e ótima; sendo que 14,80% dizem ser regular e 4,20% não sabe ou não respondeu.
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Diante disso, não surpreende que 40% dos 1 mil entrevistados, entre os dias 10 e 15 de agosto, responderam que Adriane Lopes é a pior prefeita da história de Campo Grande, ficando à frente da dupla Alcides Bernal (PP), que aparece com 26%, e Gilmar Olarte, com 22%. Outros nomes foram citados por 3% dos participantes da pesquisa e 9% não sabem ou não responderam.
A primeira prefeita eleita do município conseguiu um feito e tanto, já que o período entre 2013 e 2016, da gestão Bernal e Olarte, ficou marcado por um dos maiores escândalos da cidade, revelado pela Operação Coffee Break e que levou à condenação por improbidade administrativa, de 11 pessoas, entre empresários poderosíssimos, um vereador, cinco ex-vereadores, dono de um jornal, o próprio Gilmar e um procurador aposentado da Câmara Municipal.
Os quatro anos da dupla também foram de briga entre Executivo e Legislativo, o que deixou a administração do município em segundo plano. Houve greves de servidores públicos da educação e saúde, trabalhadores da coleta de lixo e problemas com pagamentos e licitações.
Os problemas com a atual prefeita, entretanto, estão mais frescos na memória do eleitor porque causam descontentamento, decepção, e, literalmente, dor em tempo real, já que a saúde é uma das principais insatisfações, o que acaba pesando mais.
Adriane assumiu o comando do Paço Municipal em abril de 2022, após Marquinhos Trad, então no PSD, sair candidato ao Governo do Estado. A pepista enfrentou, nos primeiros meses, paralisações dos motoristas de ônibus e dos professores da Rede Municipal de Ensino. Além dos habituais problemas causados pelas chuvas nas ruas da Capital, que foram tomadas por buracos.
As adversidades, porém, não impediram Adriane de ser reeleita em outubro de 2024. Só que mais da metade dos campo-grandenses estão insatisfeitos com este segundo mandato. Servidores estão sem reajuste salarial pelo 3º ano consecutivo, há crise na saúde, enquanto houve reajuste de 66% no salário da prefeita.
O salário de Adriane terá aumento de 66% em três anos, passando de R$ 21.263 para R$ 35.462,22, enquanto a vice-prefeita Camilla Nascimento de Oliveira (Avante) terá reajuste de 100% e os secretários municipais de 159%. Além disso, o seleto grupo de privilegiados voltou a ser contemplado com penduricalhos, que eram pagos por meio da folha secreta e agora são publicados no site, mas não ficam disponíveis para o cidadão comum.
Adriane Lopes sofre com as sucessivas crises e sem obras de impacto, o que ficou evidente neste aniversário de 126 anos da Capital, cujo calendário de entregas foi recheado com revitalização de praças para evitar um fiasco.
André Puccinelli, o mais querido
O Instituto Ranking perguntou aos entrevistados qual foi o melhor prefeito de Campo Grande, e André Puccinelli (MDB) foi apontado por 44% dos moradores, ou seja, quase metade. Na sequência, foram citados Nelsinho Trad (PSD), com 30,6%; Lúdio Coelho, 11%; Levi Dias, 4,2%; Marquinhos Trad (PDT), 2%; Juvêncio da Fonseca, 1,2%. Outros nomes foram lembrados por 1% e não sabem ou não responderam somam 6%.
Durante os dois mandatos, entre 1997 e 2004, André Puccinelli redesenhou a Capital com obras visionárias. O mandatário também foi deputado estadual, deputado federal e governador do Estado por dois mandatos.
André foi responsável pelo fim dos alagamentos na Avenida Fernando Corrêa da Costa, no Centro, ao afundar o Córrego Prosa e cobrir a avenida. Ele acabou com um problema de décadas.
Na gestão do emedebista, os moradores do Aero Rancho, um dos mais populosos, ganharam um novo acesso ao Centro com o prolongamento da Avenida Ernesto Geisel da Avenida Salgado Filho até a Avenida Campestre. Com a construção de pistas nas duas marginais, ele removeu 1.044 famílias que residiam em várias favelas situadas às margens do Rio Anhanduí.
Antes da gestão de André, vendedores ambulantes ocupavam as calçadas das principais vias centrais, como as ruas Barão do Rio Branco (inclusive o calçadão e a escadaria), Rui Barbosa, 14 de Julho e Calógeras. Os vendedores ambulantes foram reunidos em único espaço, o Camelódromo.
Puccinelli também causou polêmica ao tirar a tradicional feirona nas ruas Abraão Júlio Rahe e Padre João Crippa para um novo espaço, a Feira Central na Esplanada Ferroviária. Ele também foi responsável pela construção da Via Parque e do Parque do Sóter. Duplicou o prolongamento da Avenida Duque de Caxias e ainda construiu outras avenidas, como a Avenida Lúdio Coelho, do PAC Lagoa, e fez 25 quilômetros do anel viário entre as saídas de Sidrolândia e de Rochedo.
A pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência para os 126 anos de Campo Grande, encomendada pela Rede de rádios Top FM, entrevistou 1 mil moradores, com 16 anos ou mais, das sete regiões da Capital e dos distritos de Anhanduí e Rochedinho, além da zona rural do município. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%.