A batalha de Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos pela anistia, por meio de sanções ao País pelos Estados Unidos, tem feito o centrão se afastar do clã e avaliar alternativas para seu futuro. Esse movimento também pode ser observado em Mato Grosso do Sul. Como esperado, os deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, ambos do PL, seguem na linha de frente em defesa do ex-presidente da República. Já o colega Dr. Luiz Ovando e a senadora Tereza Cristina, do PP, optaram por tratar de outros assuntos.
A atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos a favor de sanções contra o Brasil, o motim de 30 horas impedindo o Congresso Nacional de trabalhar, e as manifestações de rua criticando os presidentes do Senado e Câmara começam a derreter o apoio ao radicalismo. O indiciamento de Jair e do filho no inquérito pelo crime de coação no curso do processo da tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal deixou isso mais evidente.
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O governo dos Estados Unidos anunciou nas últimas semanas uma série de ações contra o Brasil e autoridades brasileiras, como o tarifaço de 50% contra importações de produtos do país, uma investigação comercial contra o Pix e sanções financeiras contra o Ministro Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky.
As medidas foram comemoradas pelo clã Bolsonaro e seus seguidores mais fiéis. Em maio, a abertura da investigação na PF contra Eduardo e Jair foi solicitada ao Supremo pelo procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, para apurar a suposta atuação do parlamentar para incitar o governo dos EUA a aplicar essas sanções. Na última quarta-feira (20), foi divulgado o indiciamento da dupla e do pastor Silas Malafaia.
Da bancada federal do PL, Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira repetiram o discurso de que o ex-presidente e a extrema direita são alvo de perseguição, e que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o STF implantaram uma ditadura. O segundo ainda atacou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União).
“Se a Justiça brasileira fosse rápida para prender bandidos como é para perseguir a direita, o Brasil seria referência internacional de segurança pública. Hoje, criminosos têm liberdade, enquanto inocentes são calados e presos, com um Senado submisso a Alexandre de Moraes e um presidente do Senado conivente”, publicou o Gordinho do Bolsonaro.
Pollon é alvo de duas sindicâncias abertas pela Corregedoria da Câmara dos Deputados, um pelo motim que impediu o retorno dos trabalhos depois do recesso parlamentar e pelo discurso raivoso e cheio de palavrões durante a manifestação Reaja Brasil realizada no dia 3 de agosto em Campo Grande. O bolsonarista pode ter o mandato suspenso por seis meses.
“O Brasil ainda não virou Venezuela… mas já começa a se parecer com a Nicarágua, perseguindo líderes religiosos e mostrando um viés autoritário assustador”, divulgou Pollon após o indiciamento de Jair, Eduardo e Malafaia.
Os outros dois fiéis representantes do bolsonarismo da bancada federal de MS, o deputado federal Dr. Luiz Ovando e a senadora Tereza Cristina, ex-ministra de Agricultura de Jair Bolsonaro, optaram por abrir mão de comentar o indiciamento do ex-presidente e seu filho e focaram na instalação da CPI do INSS e na filiação do governador Eduardo Riedel ao PP.
“Recursos da Previdência foram desviados e, mesmo com todos os alertas, ninguém agiu. Isso é INADMISSÍVEL! Vamos descobrir os responsáveis por esse roubo! Quem autorizou esses descontos? Quem se beneficiou com esse dinheiro? Todos terão que prestar contas!”, defendeu Tereza.
“Derrotamos Omar Aziz e, por 17 votos a 14, elegemos o senador Carlos Viana, nosso presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Senado, para presidir a CPMI do INSS. Não se trata apenas de um resultado numérico, mas de um recado claro: o Congresso não será refém da blindagem petista”, comemorou Ovando.